Centenas de guerras foram
travadas durante os anos devido a intolerância, ao ódio irracional aliado com o
medo, ou a simples questão de preservação desencadeada por esse medo. Países,
povos e sociedades completas já sofreram muito por conta disso ou das suas consequências,
nos ensina a história. Hoje mesmo se olharmos para os conflitos que estão em
andamento no mundo, esses motivos estarão fortemente dentro do conjunto de
fatores que influenciaram para que esse caminho tivesse sido tomado. Inocentes
sofrem à toa, sem sentido e sem explicações plausíveis. E parece que a
humanidade nunca aprende.
“Planeta dos Macacos: O Confronto” (Dawn of the Planet of the Apes, no original) tem como pano de fundo
principal justamente esse tema, envolto em algumas outras nuances secundárias.
Depois da surpresa positiva que foi o longa “O Planeta dos Macacos: A Origem”
de 2011, dirigido por Rupert Wyatt, a expectativa sobre o novo trabalho
ambientado dentro do universo do filme era bem grande. Nem a mudança de diretor
alterou isso, com a entrada de Matt Reeves (de “Cloverfield – Monstro”) na
chefia. E o que vemos na telona é que essa expectativa não foi gerada em vão.
O roteiro escrito por Mark
Bomback (“Wolverine: Imortal”), Rick Jaffa (do filme anterior dos macacos) e
Amanda Silver (também do filme anterior) é bem arquitetado, embora abuse um
pouco das passagens mais sentimentalistas, que poderiam muito bem ser reduzidas
dentro dos 130 minutos do filme. No enredo, encontramos César (Andy Serkis
novamente envolto a muita tecnologia) alguns anos após conseguir fugir. Junto
com os demais que libertou se embrenhou no meio do mato, e assim procriaram e construíram
uma comunidade funcional, evoluindo ainda mais em funções diversas como a fala.
Já os humanos não se deram tão
bem assim. Depois que a gripe símia criada em laboratório se espalhou pelo
globo, uma parcela ínfima sobreviveu. E uma parte dessa parcela se encontra
próximo de César e de seus iguais. É quando os remanescentes descobrem uma
usina hidrelétrica na região em que os símios se encontram e uma pequena
expedição encabeçada por Malcolm (Jason Clarke de “A Hora Mais Escura) vai
atrás de reativar essa fonte de energia que daria mais chance para os seres
humanos resistirem. E é quando ocorre o encontro das duas espécies tempos
depois que o filme se desenvolve.
A parte visual do trabalho tem
grande amplitude no resultado final. A direção de arte conta com profissionais
como Naaman Marshall (de “Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge”) e os efeitos
visuais com Gerardo Aguilera (“O Hobbit” e “Jogos Vorazes: Em Chamas”), entre
outros. Com isso, as cenas de batalha e de apresentação dos personagens é muito
eficiente, como também as explosões e a utilização da mata dentro desse
contexto. O roteiro amarra bem a história com o longa anterior (James Franco
aparece em uma imagem gravada) e assim justifica algumas deliberações
realizadas.
O filme atual se situa historicamente
antes dos eventos da pífia refilmagem de “O Planeta dos Macacos” de 2001 (logo,
como também do original de 1968) e dez anos depois do anteriormente já citado
filme de 2011 (esqueça os quatro filmes dos anos 70). No mundo das referências,
duas coisas merecem menção. Primeiro, quando Alexander (Kodi Smit-McPhee) entrega
um livro para Maurice (Karin Konoval). Trata-se da ótima história em quadrinhos
“Black Hole” de Charles Burns, que tem muito a ver com uma das ideias
exploradas na trama. E a segunda é a inserção certeira da formidável “The
Weight” da The Band na trilha sonora em um momento especial.
“Planeta dos Macacos: O Confronto” aborda questões atemporais que
continuam vivas dentro dos nossos dias, infelizmente. Mesmo com leves deslizes
e um pouco extenso demais, o roteiro abrange bem aquilo a que se propõe
equilibrando ação e drama de modo satisfatório. Uma das grandes virtudes é não
impor ao telespectador heróis ou vilões, deixando solto a ambiguidade dos
personagens. Mesmo aqueles com melhor coração podem ter pensamentos controversos
com a sobrevivência em jogo e isso é um mérito importante do filme. Um filme
que diverte, mas que também traz um pouco de reflexão a superfície.
Nota: 8,0
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Assista a um trailer legendado:
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