O ator Bing Russell ficou conhecido
no mundo do entretenimento pela sua atuação como o xerife Clem Foster no
seriado “Bonanza” entre 1961 e 1972. Foram 57 episódios. Além disso, entre
outras coisas, participou do clássico filme “Sete Homens e Um Destino” de 1960
do diretor John Sturges. Todavia, antes de ir para Hollywood tentar a sorte
como ator, ele queria ser jogador de beisebol. Fascinado pelo esporte ainda
tentou mas não conseguiu ir muito longe. Durante sua infância nos anos 30
porém, vivia junto com os maiorais do New York Yankees, sendo apadrinhado pelo arremessador
Lefty Gomez, um ícone do clube e da história da modalidade.
Depois que “Bonanza” foi cancelado,
Bing Russell ficou sem ter muito o que fazer, sem um objetivo na vida. Foi
quando teve uma ideia louca de montar um time de beisebol em Portland (que
tinha acabado de ver o time da cidade ir para outro lugar) para disputar a
Minor League Baseball, algo que se trouxermos para a nossa realidade
futebolística pode ser entendida como uma espécie de segunda divisão. A liga
era dominada por franquias dos times grandes que disputavam a Major League (principal)
e que a usavam mais como campo de estudos do que outra coisa, não se envolvendo
com a cidade e excluindo a chance de milhares de pretensos jogadores.
Os times independentes então
muito presentes na infância de Bing Russell haviam desaparecido e consigo
levaram boa parte do amor real pelo esporte e sua correlação com o público,
olhando pelo prisma do espetáculo. Foi nesse cenário que surgiu o Portland
Mavericks que durante os anos de 1973 a 1977 fez história e redesenhou uma
parte desse cenário. O ex-ator montou um time repleto de excluídos e renegados
pelos grandes times, deu chance a desajustados que não atendiam visualmente ou
de modo comportamental as rígidas regras da liga principal, e assim como se
fosse em uma fábula ou um filme de superação conseguiu a façanha de fazer isso
funcionar.
Essa história, pouco retratada
anteriormente, agora está acessível no documentário “The Battered Bastards of Baseball” que entrou no último dia 12 de
julho na grade do Netflix nacional (e só pode ser visto no país atualmente
nessa plataforma). Produzido pelo próprio canal é dirigido pelos irmãos Chapman
e McLain Way (netos de Bing Russell). Em 73 minutos apresentam-se depoimentos,
fotos e imagens da época, assim como recortes de jornais e de revistas. A história
quase surreal é vista por nomes como o ator Kurt Russell (de “Tango e Cash” e “À
Prova de Morte”, entre tantos outros), que é filho de Bing e jogou algumas
temporadas no “Mavs” como rebatedor.
Outro nome conhecido e bem participativo
no documentário é o diretor Todd Field (de filmes como “Entre Quatro Paredes” e
Pecados Intímos”) pois na época do time ele era um dos carregadores de
equipamentos dos jogadores e guarda emocionantes lembranças até hoje. “The Battered Bastards of Baseball” é
um documentário que cumpre com a função básica de contar uma história e
retratar os fatos que ocorreram, e consegue ir até mais além fazendo com que o
telespectador realmente se emocione na parte final. E o melhor é que não precisa
conhecer o beisebol para apreciar o trabalho, basta apenas um pouco de coração.
P.S: O único senão é que o documentário poderia ter mais uns 20
minutos de duração, para explicar melhor algumas passagens. Nada demais,
contudo.
Nota: 8,0
Assista a um trailer (em inglês):
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