Otto Octavius é um dos maiores
vilões do Homem-Aranha. Pode-se até afirmar que é o maior, por mais que alguns
direcionem esse título para o Duende Verde. Criado em 1963, no entanto sempre
pareceu que podia ser mais, render mais. Mesmo como líder do Sexteto Sinistro
(grupo que aterroriza o herói há tempos), se escondeu com mais frequência na
obsessão em relação ao alter ego de Peter Parker, do que propriamente foi uma ameaça
real. Quando isso aconteceu, foi onde todo esse potencial apareceu e rendeu as
melhores histórias.
Recentemente a Panini Comics
publicou no Brasil o encadernado “Doutor
Octopus: Origem” com 124 páginas, capa dura com lombada quadrada e papel
couchê. Lá fora a série foi lançada em 2004 em cinco edições com o título de “Spider-Man – Doctor Octopus: Year One”
e só chega agora por aqui para aproveitar a fase publicada atualmente onde o
personagem ocupa o papel do seu rival aracnídeo. Escrita por Zeb Wells
(Homem-Aranha), ilustrada por Kaare Andrews (Fabulosos X-Men) e com cores de
José Vilarrubia, é uma edição que tem seu próprio charme mesmo se equilibrando
entre clichês clássicos e boas ideias.
Partindo do antigo pressuposto de
que ninguém pratica o mal só pelo mal, Zeb Wells volta a infância do pequeno
gênio onde insere uma mãe protetora (com uma relação no mínimo, complicada), um
pai bêbado que bate no filho, dificuldade de sociabilidade e sofrimento
generalizado na mão dos alunos da escola que frequenta. Essa quantidade de
repetições e lugares comuns serve para montar a raiva que passa a brotar dentro
do garoto. Funciona bem na questão da ligação com a mãe que é complexa e sugere
outras abordagens, mas fracassa nas demais.
Depois disso avança para a
transformação que ocorre ainda na juventude e não como um consagrado cientista (ainda
que nessa juventude mostrada ele já merecesse respeito), ao contrário do que se
viu quando Alfred Molina dignamente interpretou o personagem no filme “Homem-Aranha
2” de 2004 (parte da primeira, e melhor, trilogia do herói), o que até ajuda a
manter a narrativa. O passo seguinte e final é o primeiro encontro com o
Homem-Aranha, o estopim inicial de uma extensa convivência onde raiva e
admiração transitam juntas.
A Panini Comics vem nos últimos meses
dando mais espaço nas suas edições especiais para os vilões, como vimos nas
edições do Loki, Caveira Vermelha e Magneto, com arcos salpicados da cronologia
da Marvel. Isso é muito válido, pois são personagens com pouco material disponível
nesses formatos por aqui. “Doutor
Octopus: Origem” por isso e pela arte de Kaare Andrews é um álbum que exibe
seu valor, apesar das obviedades do roteiro. Além disso, é sempre bom ver
histórias de Octopus como foco principal, um gênio do universo Marvel que
reside apenas um patamar abaixo de nomes como Tony Stark, Reed Richards e Bruce
Banner no quesito inteligência.
Nota: 6,5
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