Quem acompanha quadrinhos de modo geral, principalmente as
aventuras de heróis e vilões mais antigos, vez ou outra se depara com algum
tipo de viagem no tempo. Na Marvel então, isso é bem frequente. Quarteto
Fantástico, Vingadores e X-Men são alguns dos grupos que já utilizaram este
expediente em suas peripécias. Isso sem muita dosagem, o que gerou resultados
positivos e alguns pequenos desastres e constrangimentos pelo meio do caminho.
“X-Men: Dias de um
Futuro Esquecido” é
o novo longa da franquia e estreia essa semana nos cinemas do país utilizando o
mesmo estratagema para contar sua história. Novamente com o diretor Bryan
Singer na regência (ele havia dirigido os dois primeiros filmes da trilogia
anterior em 2000 e 2003) e sendo o trabalho subsequente ao bom “X-Men: Primeira
Classe” de 2011, comandado por Matthew Vaughn, o trabalho utiliza as duas
“turmas”, por assim dizer, dos mutantes, fazendo o elo entre a trilogia inicial
e a nova.
O ponto de partida da nova película é uma realidade caótica
repleta de desesperança onde os Sentinelas (máquinas criadas para caçar
mutantes) mudaram sua programação e passaram também a atacar pessoas comuns
deixando a humanidade de joelhos. Como se fosse uma última frente de batalha,
os X-Men ainda resistem em um pequeno grupo que além de Charles Xavier (Patrick
Stewart) e Magneto (Ian McKellen) conta com Wolverine (Hugh Jackman), Blink
(Bingbing Fan), Colossus (Daniel Cudmore) e Bishop (Omar Sy), entre outros.
Vendo a resistência prestes a desabar, um plano é montado
a partir de uma tensa e angustiante reunião. Identifica-se que no passado, mais
precisamente em 1973, quando a Mística (Jennifer Lawrence) mata o idealizador
do projeto Sentinela, Bolívar Trask (Peter Dinklage, o Tyrion Lannister de
Guerra dos Tronos), é que o atual cenário tem princípio. E a ideia é mandar
alguém para esta época com o intuito básico de impedir o assassinato. O
escolhido, devido ao fator de cura, é Wolverine, que assim tem sua consciência
transportada para o seu eu muitos anos mais novo.
Lá no passado, Wolverine precisa primeiro juntar os jovens
Xavier (James McAvoy) e Magneto (Michael Fassbender) quando os dois eram
inimigos fatais. Uma tarefa nada fácil. Contando com a ajuda do Fera (Nicholas
Hoult) e do garoto Mercúrio (Evan Peters) ele ruma para a missão. Com o cenário
montado o filme parte para o campo da ação, das brigas ideológicas e da pressão
psicológica. E o diretor Bryan Singer (que patinou depois de sair da franquia),
amarra de maneira consistente todos esses lados, mesmo com algumas decisões
ruins no roteiro.
A liberdade criativa de “X-Men: Primeira Classe” que
rendeu bons resultados, aqui causa uma porção de confusão. Não se sabe como
Kitty Pryde conseguiu mandar Wolverine ao passado, ou porque Mercúrio aparece
tão alegre, já que ele sempre foi tão amargurado nos quadrinhos (pelo menos,
deixaram a arrogância), só para citar dois exemplos. A decisão de mostrar
também vários personagens da primeira trilogia em participações especiais
agrada a primeira vista, mas se analisada friamente não tem muita necessidade
de existir. Isso sem contar que falta ação para os Sentinelas (em especial os
clássicos).
“X-Men: Dias de Um
Futuro Esquecido”,
contudo, é aquele tipo de trabalho que consegue acertar mais do errar, mantendo
assim a franquia em cima dos trilhos. Mesmo com Hugh Jackman aparecendo com
destaque nos cartazes são Jennifer Lawrence, James McAvoy, Michael Fassbender e
Peter Dinklage que aparecem com proeminência na trama. Bryan Singer sai
vitorioso da empreitada, pois consegue novamente mostrar uma parte do talento
já apresentado outrora, enquanto prepara o longa final dessa nova fase dos
mutantes. Entretanto, como tudo na vida, podia ser melhor.
Nota: 7,0
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- Cinema: “X-Men: Primeira Classe” (2011)
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