Espetáculos musicais são mais explorados hoje no Brasil. Ainda não é uma tendência grande, pois se deve levar
em consideração que o investimento é alto e a preparação demorada, além do fato
da dificuldade em viajar pelo país com um número expressivo de atores e demais envolvidos.
No entanto, viu se recentemente montagens sobre a vida de Tim Maia, Cazuza e
Elis Regina, sendo que as duas últimas estão em cartaz no momento. Em comum com
este três trabalhos citados está a questão da homenagem póstuma. No caso de “Rita Lee Mora Ao Lado – O Musical”,
esse ponto já é distinto.
Uma engrenagem importante e
influente no cenário musical nacional, Rita Lee tem uma obra vasta e repleta de
momentos excelsos, que dão material de sobra para uma montagem desse tipo. A
artista chegou a ir a uma das apresentações, corroborar a homenagem e dar seu
aval para a exibição. E a peça é puramente isso, uma homenagem. Que visa não
somente louvar os méritos artísticos, como também espelhar momentos de dificuldade
que ela teve que passar, sem exercer a crítica em momento algum. A tonalidade
do roteiro é leve e descomprometida, e isso não muda mesmo quando se tratam de
temas como prisão e morte.
“Rita Lee Mora Ao Lado – O Musical” é adaptada do livro de mesmo
nome de Henrique Bartsch lançado em 2009 e que visa contar a história da ex-Mutantes
utilizando o recurso de uma terceira pessoa chamada Bárbara Farniente, que
passa toda a vida bem próxima de Rita Lee. Esse recurso de pura ficção
contrabalança os fatos reis com uma carga razoável de humor e torna o livro uma
experiência agradável. A adaptação dos diretores Márcio Macena e Débora Dubois
(com o auxílio de Paulo Rogério Lopes no texto) segue a mesma história em
aproximadamente duas horas e meia de duração.
A atriz Mel Lisboa foi escolhida
para interpretar a artista e Carol Portes como a onipresente Bárbara Farniente.
Mel Lisboa (que é filha do músico Bebeto Alves) já mostrou que não é somente a
garota bonita que apareceu na minissérie global “Presença de Anita” em 2001,
exibindo talento em papéis interessantes no teatro. E esse talento reflete no
musical. Ela incorpora muito bem a parte física e gestual da homenageada,
ficando muito parecida até mesmo na maneira com que conversa com os outros.
Porém, por mais que se esforce, não consegue se sobressair quando canta. E ela
canta bastante.
Em algumas canções o problema nem
aparece tanto, mas na maioria vemos um esforço demasiado que não surte muito
efeito. As exibições de outros atores como Ney Matogrosso, Gilberto Gil e Hebe
Camargo transitam entre o interessante e o ruim e o insosso, como nos casos de Tim
Maia, Caetano Veloso e Elis Regina. Carol Portes como Bárbara Farniente também
tem altos e baixos, uma hora anima a plateia, outra hora a constrange. São
poucos os momentos da peça que realmente emocionam (destaque para a parte
final). “Rita Lee Mora Ao Lado – O Musical”
é apenas razoável e traz Mel Lisboa ótima como atriz e apenas esforçada como
cantora.
Nota: 6,5
Textos relacionados no blog:
- Literatura: “Rita Lee Mora Ao Lado: Uma Biografia Alucinada da Rainha do Rock” – Henrique Bartsch
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