domingo, 25 de maio de 2014

"Rita Lee Mora Ao Lado - O Musical" - 24.05.2014 - Teatro Das Artes - São Paulo (SP)

Espetáculos musicais são mais explorados hoje no Brasil. Ainda não é uma tendência grande, pois se deve levar em consideração que o investimento é alto e a preparação demorada, além do fato da dificuldade em viajar pelo país com um número expressivo de atores e demais envolvidos. No entanto, viu se recentemente montagens sobre a vida de Tim Maia, Cazuza e Elis Regina, sendo que as duas últimas estão em cartaz no momento. Em comum com este três trabalhos citados está a questão da homenagem póstuma. No caso de “Rita Lee Mora Ao Lado – O Musical”, esse ponto já é distinto.

Uma engrenagem importante e influente no cenário musical nacional, Rita Lee tem uma obra vasta e repleta de momentos excelsos, que dão material de sobra para uma montagem desse tipo. A artista chegou a ir a uma das apresentações, corroborar a homenagem e dar seu aval para a exibição. E a peça é puramente isso, uma homenagem. Que visa não somente louvar os méritos artísticos, como também espelhar momentos de dificuldade que ela teve que passar, sem exercer a crítica em momento algum. A tonalidade do roteiro é leve e descomprometida, e isso não muda mesmo quando se tratam de temas como prisão e morte.

“Rita Lee Mora Ao Lado – O Musical” é adaptada do livro de mesmo nome de Henrique Bartsch lançado em 2009 e que visa contar a história da ex-Mutantes utilizando o recurso de uma terceira pessoa chamada Bárbara Farniente, que passa toda a vida bem próxima de Rita Lee. Esse recurso de pura ficção contrabalança os fatos reis com uma carga razoável de humor e torna o livro uma experiência agradável. A adaptação dos diretores Márcio Macena e Débora Dubois (com o auxílio de Paulo Rogério Lopes no texto) segue a mesma história em aproximadamente duas horas e meia de duração.

A atriz Mel Lisboa foi escolhida para interpretar a artista e Carol Portes como a onipresente Bárbara Farniente. Mel Lisboa (que é filha do músico Bebeto Alves) já mostrou que não é somente a garota bonita que apareceu na minissérie global “Presença de Anita” em 2001, exibindo talento em papéis interessantes no teatro. E esse talento reflete no musical. Ela incorpora muito bem a parte física e gestual da homenageada, ficando muito parecida até mesmo na maneira com que conversa com os outros. Porém, por mais que se esforce, não consegue se sobressair quando canta. E ela canta bastante.

Em algumas canções o problema nem aparece tanto, mas na maioria vemos um esforço demasiado que não surte muito efeito. As exibições de outros atores como Ney Matogrosso, Gilberto Gil e Hebe Camargo transitam entre o interessante e o ruim e o insosso, como nos casos de Tim Maia, Caetano Veloso e Elis Regina. Carol Portes como Bárbara Farniente também tem altos e baixos, uma hora anima a plateia, outra hora a constrange. São poucos os momentos da peça que realmente emocionam (destaque para a parte final). “Rita Lee Mora Ao Lado – O Musical” é apenas razoável e traz Mel Lisboa ótima como atriz e apenas esforçada como cantora.


Nota: 6,5

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