Houve uma época em que a Fórmula
1 exalava charme, magnetismo e fascínio. Bem diferente dos anos de domínio de
Michael Schumacher ou agora de Sebastian Vettel. Até a metade dos anos 90 isso
foi quase uma constante, com emoção abundante e duelos sensacionais. Tempos de Jack Brabham x Jim Clark,
Nelson Piquet x Nigel Mansell, Ayrton Senna x Alain Prost e James Hunt x Niki
Lauda. Esta última rivalidade, entre um britânico e um austríaco, é o
tema de “Rush” do diretor Ron Howard.
O filme lançado aqui ano passado
ganhou o adendo “No Limite da Emoção”
no título e é baseado no antagonismo entre os pilotos desde os tempos de
Fórmula 3. Ambos, com histórias de vida e obstinação parecidas, mas imensamente
distintos em personalidade. James Hunt (interpretado por Chris Hemsworth, o
Thor dos recentes filmes da Marvel) fazia o estilo playboy, talentoso e
inconsequente, e Niki Lauda (Daniel Brühl de “Adeus, Lenin!”) era o inverso
disso. Caseiro, concentrado e extremamente profissional.
O diretor Ron Howard, vencedor do
Oscar com “Uma Mente Brilhante” de 2001, conta com o roteiro de Peter Morgan e
reedita a parceira do ótimo “Frost/Nixon” de 2008. Um grande acerto, pois o
roteiro e o modo que os personagens são divididos com seus dramas pessoais,
fica apenas um pouco abaixo do maior destaque do longa, que são as cenas das
corridas. Extremamente bem filmadas repassam ao espectador a carga necessária
de adrenalina, sem se estender por longos minutos.
“Rush – No Limite da Emoção” foca nessa hostilidade dos anos 70,
mas principalmente nos anos de 1975 e 1976. O campeão em 1974 havia sido o
brasileiro Emerson Fittipaldi e no ano seguinte Niki Lauda venceria pela
Ferrari o primeiro dos seus três títulos mundiais. No ano seguinte, por conta
da saída de Fittipaldi da McLaren para a escuderia brasileira Coopersucar
(história que renderia um ótimo filme), James Hunt vai para essa vaga aberta e
passa a disputar o campeonato de 1976 em igualdade de condições.
Essa temporada de 1976, não por
acaso comentada até hoje pelos amantes da categoria, é pautada por corridas
incríveis dos dois pilotos, além de acidentes pesados como o que o próprio
Lauda sofreu e carregou as marcas durante toda a vida. É nesse período
específico do filme que Ron Howard exibe vários acertos e inclusive consegue
conter (mas sem nunca deixar de apresentar) a característica intrínseca de
transformar demais seus personagens em heróis, distanciando a película da
realidade.
“Rush – No Limite da Emoção” foca no romantismo perdido da Fórmula
1, romantismo que ficou para trás devido a vários quesitos como a maior
segurança dos pilotos (o que evidentemente, era necessário), a influência
marcante da tecnologia e o aumento da disparidade do poderio financeiro das
equipes. E é focando nessa época que se configura em uma estupenda narrativa de
superação de limites tracejada por ação, conquistas e dramas e construída por
duas personalidades possantes e decididas.
Nota: 9,0
Textos relacionados no blog:
- Cinema: “Frost/Nixon”.
Assista a um trailer legendado:
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