Em dezembro de 1990 o inglês Neil
Gaiman ainda não gozava do prestígio de hoje em dia e nem tinha toda uma gama
de superlativos relacionados aos seus trabalhos e obra. É verdade que “Sandman”
já havia iniciado a ser publicado e pela sua extrema qualidade começava a
chamar a atenção do mundo dos quadrinhos. Foi quando ele aceitou fazer para a
DC Comics “Os Livros Da Magia”, uma
minissérie dividida em quatro partes que se iniciou em dezembro de 1990 e
terminou em março de 1991.
A série que já foi publicada no
Brasil em diversos formatos e editoras ganhou sua edição “definitiva” no ano de
2013. A Panini condensou as quatro partes em um encadernado de luxo com 212
páginas, com tratamento rebuscado e extras contendo esboços originais de Neil
Gaiman para o obra. O trabalho artístico de John Bolton, Scott Hampton, Charles
Vess e Paulo Johnson, que se dividiram individualmente nos desenhos de cada
episódio, aparecem com resplendor e mais impetuosos que em qualquer outra
publicação anterior da série aqui.
Em “Os Livros da Magia”, Neil Gaiman usa uma boa parte do universo
mágico da DC Comics, entre personagens mais conhecidos como Boston Brand (Desafiador),
Zatanna, Dr. Destino e Espectro com coadjuvantes como Jason Blood, Félix Fausto
e Senhor da Noite, além de fazer uma incursão pelo seu próprio universo de “Sandman”,
entrando no reino do Sonhar e trazendo Caim e Abel, assim como Morpheus,
personagem principal da série que mesmo tendo acabado em 1996, ganha cada dia
mais fãs (ou devotos?).
O foco da história é o jovem
Timothy Hunter que leva seus dias entre andar de skate e não fazer nada. Em um
dia como qualquer outro ele é abordado por quatro figuras peculiares. Vingador
Fantasma (também chamado de Estranho nessa época), John Constantine, Dr. Oculto
e Mister IO, são essas figuras que explicam ao garoto que ele pode vir a se
tornar o maior mago de todos os tempos. Mesmo não acreditando muito, ele
embarca em uma jornada para conhecer um pouco o ambiente da magia que lhe
falam.
A divisão do conhecimento vai por
cada um dos guias e ultrapassa tempos, eras, mundos e dimensões, sempre com
Gaiman fazendo referência a diversas outras coisas, sem esquecer de deixar na
essência uma aventura de busca e conhecimento, uma história de formação. Contando
a história usando as mais diversas prerrogativas e maneiras, insere uma
sucessão de perigos e confusões, que bem ao seu estilo são decorados com medo e
a ânsia de ir atrás de algo novo, uma dualidade tão explorada por ele
posteriormente.
Depois de “Os Livros de Magia” era de se esperar que Timothy Hunter
deslanchasse no universo da magia da DC, porém as coisas foram lentas ou por
outros caminhos. Mesmo tendo chegado a permear alguns títulos alheios e até um
próprio recentemente, é um personagem que merecia ser mais bem trabalhado, devido
principalmente ao início primoroso concebido por Neil Gaiman.
Um início que mesmo agradando mais
a quem já conhece o mundo mágico da DC, é um dos grandes trabalhos do seu
autor, uma jornada repleta de nuances e magnificência.
Nota: 9,5
P.S: Existiu (e ainda existe) uma
comparação entre Timothy Hunter e Harry Potter, já que as semelhanças visuais e
de concepção são muitas e que J. K. Rowling criou seu bruxinho depois de “Os Livros da Magia”. No entanto, o
próprio Neil Gaiman já afastou a possibilidade de um possível plágio. Mas...
Textos relacionados no blog:
- Literatura: “O Oceano no Fim doCaminho” – Neil Gaiman
Site oficial do autor: http://www.neilgaiman.com
Blog do autor: http://journal.neilgaiman.com
Twitter do autor: http://twitter.com/neilhimself
Nenhum comentário:
Postar um comentário