Eugene Allen trabalhou na Casa
Branca por 34 anos e atravessou oito administrações diferentes. Natural do estado da Virginia começou a
trabalhar na residência oficial e principal escritório do Presidente dos
Estados Unidos em 1952 na época do governo de Harry S. Truman e por lá ficou
até 1986 durante a gestão de Ronald Reagan. De lá presenciou como espectador
privilegiado não só as mudanças na formatação do mundo, como a intensa luta dos
negros por direitos civis plenos no país.
Allen era negro e foi na maioria
do tempo em que serviu na Casa Branca, um mordomo. Sua história levou o
jornalista Wil Haygood a escrever sobre o tema e foi baseado em um artigo dele
chamado “A Butler Served by This Election” de 2008, que o diretor Lee Daniels
resolveu fazer um filme sobre Allen. Baseado, na verdade, seria um exagero
dizer. Como vemos em “O Mordomo da Casa
Branca” que estreou nos cinemas do país nesse final de ano, a história
serve mais como ponto de partida e leve inspiração.
Lee Daniels tem um grande filme
na carreira. “Preciosa - Uma Lição de Esperança” de 2009 trata do racismo de
maneira forte e sem coações sentimentalistas. Em “O Mordomo da Casa Branca”, o diretor ambiciona além de tratar do
racismo, usar o ponto de vista do seu personagem principal para mostrar ao
telespectador a transmutação de ideias e pensamentos durante os anos. No
entanto, essa ambição é frustrada pelo fraco roteiro de Danny Strong e nos
apelos sentimentalistas que dessa vez não conseguiu deixar de fora.
O Eugene Allen original é
convertido para o ficcional Cecil Gaines e interpretado por um Forest Whitaker
que na maioria do tempo parece perdido em forjar caras e trejeitos. No longa,
ele sai da fazenda de algodão onde mora quando o pai é assassinado depois de questionar
o estupro da mãe (Mariah Carey) por um dos donos. Uma senhora branca (Vanessa
Redgrave) da fazenda resolve lhe acolher e ensinar como ser um mordomo, um “negro
domesticado” como muitos se referem a esse tipo de emprego na época.
Quando chega para trabalhar na
Casa Branca, Cecil Gaines já é casado com Gloria (Oprah Winfrey,
surpreendentemente bem) e tem dois filhos, sendo que um vai na contramão da sua
passividade e entra de cabeça na briga pelos direitos civis e contra os absurdos
praticados. O restante do elenco inclui Cuba Gooding Jr. e Lenny Kravitz como
amigos e nomes do quilate de Robin Willians, John Cusack, James Mardsen, Liev
Schreiber e Alan Rickman interpretando presidentes americanos. Todos,
igualmente perdidos como o ator principal.
Com uma ótima premissa inicial, Lee
Daniels consegue não ir além disso em um filme piegas, superficial e sem
intensidade. Ao transformar Eugene Allen no ficcional Cecil Gaines perde na
credibilidade dos fatos e não consegue definir uma temática principal como guia
para a trama. Além disso, consegue desperdiçar um elenco poderoso em atuações
sem inspiração e desconexas, e enquanto procura prestar um depoimento pela luta
dos negros nos USA, executa exatamente o oposto disso.
Nota: 5,5
Textos relacionados no blog:
- Cinema: “Preciosa – Uma Liçãode Esperança”
- Cinema: “Histórias Cruzadas”
Assista a um trailer legendado do
filme:
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