domingo, 29 de dezembro de 2013

"O Mordomo da Casa Branca" - 2013

Eugene Allen trabalhou na Casa Branca por 34 anos e atravessou oito administrações diferentes.  Natural do estado da Virginia começou a trabalhar na residência oficial e principal escritório do Presidente dos Estados Unidos em 1952 na época do governo de Harry S. Truman e por lá ficou até 1986 durante a gestão de Ronald Reagan. De lá presenciou como espectador privilegiado não só as mudanças na formatação do mundo, como a intensa luta dos negros por direitos civis plenos no país.

Allen era negro e foi na maioria do tempo em que serviu na Casa Branca, um mordomo. Sua história levou o jornalista Wil Haygood a escrever sobre o tema e foi baseado em um artigo dele chamado “A Butler Served by This Election” de 2008, que o diretor Lee Daniels resolveu fazer um filme sobre Allen. Baseado, na verdade, seria um exagero dizer. Como vemos em “O Mordomo da Casa Branca” que estreou nos cinemas do país nesse final de ano, a história serve mais como ponto de partida e leve inspiração.

Lee Daniels tem um grande filme na carreira. “Preciosa - Uma Lição de Esperança” de 2009 trata do racismo de maneira forte e sem coações sentimentalistas. Em “O Mordomo da Casa Branca”, o diretor ambiciona além de tratar do racismo, usar o ponto de vista do seu personagem principal para mostrar ao telespectador a transmutação de ideias e pensamentos durante os anos. No entanto, essa ambição é frustrada pelo fraco roteiro de Danny Strong e nos apelos sentimentalistas que dessa vez não conseguiu deixar de fora.

O Eugene Allen original é convertido para o ficcional Cecil Gaines e interpretado por um Forest Whitaker que na maioria do tempo parece perdido em forjar caras e trejeitos. No longa, ele sai da fazenda de algodão onde mora quando o pai é assassinado depois de questionar o estupro da mãe (Mariah Carey) por um dos donos. Uma senhora branca (Vanessa Redgrave) da fazenda resolve lhe acolher e ensinar como ser um mordomo, um “negro domesticado” como muitos se referem a esse tipo de emprego na época.

Quando chega para trabalhar na Casa Branca, Cecil Gaines já é casado com Gloria (Oprah Winfrey, surpreendentemente bem) e tem dois filhos, sendo que um vai na contramão da sua passividade e entra de cabeça na briga pelos direitos civis e contra os absurdos praticados. O restante do elenco inclui Cuba Gooding Jr. e Lenny Kravitz como amigos e nomes do quilate de Robin Willians, John Cusack, James Mardsen, Liev Schreiber e Alan Rickman interpretando presidentes americanos. Todos, igualmente perdidos como o ator principal.

Com uma ótima premissa inicial, Lee Daniels consegue não ir além disso em um filme piegas, superficial e sem intensidade. Ao transformar Eugene Allen no ficcional Cecil Gaines perde na credibilidade dos fatos e não consegue definir uma temática principal como guia para a trama. Além disso, consegue desperdiçar um elenco poderoso em atuações sem inspiração e desconexas, e enquanto procura prestar um depoimento pela luta dos negros nos USA, executa exatamente o oposto disso.

Nota: 5,5

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Assista a um trailer legendado do filme:



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