O mexicano Alfonso Cuarón
levantou grandes expectativas com o filme “E Sua Mãe Também” de 2001. Na
sequência disso desembarcou logo em uma franquia milionária e foi responsável
por “Harry Potter e O Prisioneiro de Azkaban” de 2004. Na franquia do famoso bruxinho,
conseguiu até imprimir algumas das suas tonalidades prediletas, mas ainda assim
era um filme de Harry Potter em toda a essência mais ampla e irrestrita. As
expetativas sobre o trabalho do diretor caíram, mas ganharam algum fôlego novamente
com “Filhos da Esperança” de 2006.
De lá para cá, Alfonso Cuarón
trabalhou com documentários, tevê e produziu alguns filmes. Porém, a próxima
carta do diretor a ser arremessada na mesa é “Gravidade” (“Gravity”,
no original), lançado recentemente aqui no país. Visitando novamente o universo
da ficção científica, mas com aspectos bem mais sucintos e críveis, o mexicano
fez um daqueles filmes para se orgulhar. Escrito por ele e pelo filho, “Gravidade” (que deve ser visto obrigatoriamente
em 3D pra cima), compensa todas as expectativas geradas em algum momento
anterior.
Apesar da fotografia exuberante,
o ponto mais alto de “Gravidade” é
envolver o espectador no tenso clima que aparece na tela. Fazendo uma analogia
rápida com um filme recente, é como se “Santuário” de 2011 do diretor James
Cameron fosse elevado à décima potência. Não por acaso, um dos maiores
entusiastas do filme foi o idealizador de “Avatar”. Quando os problemas começam
a acontecer em pleno espaço, e o filme se converte em um clássico – porém,
muito eficiente – de superação pessoal e dos limites, a sala fica em extremo
silêncio, coisa raríssima para os dias atuais.
Na trama somos apresentados a
Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) e ao Tenente Matt Kowalski (George Clooney),
que junto com a voz de Ed Harris no controle da missão em Houston representam
quase que a totalidade do elenco. Durante uma missão de reparo e instalação de
novas tecnologias, todos são surpreendidos por uma chuva de destroços que
arrasa a tudo e a todos. A partir disso, a questão é tentar se virar como pode,
se reinventar e ser forte para tentar sobreviver em meio às adversidades
apresentadas. Um clichê eterno que no filme não soa nada banal.
Em “Gravidade”, George Clooney exibe sua habitual (ou quase isso)
competência e simpatia, no entanto é em Sandra Bullock que Alfonso Cuarón arregimenta
todo o trabalho. Com uma atuação na cadência certa entre o desespero e a aceitação,
a atriz exibe mais uma vez aquela fagulha de talento que vimos em “Um Sonho
Possível” de 2009. Com um papel que exigia muito de qualquer ator, ela ostenta
uma forma física impecável e faz a citada fagulha de talento se transformar em
uma pequena fogueira. E só por essa façanha, Alfonso Cuarón já merece inúmeros
aplausos.
Nota: 8,5
Textos relacionados no blog:
- Cinema: “Santuário” (2011)
- Cinema: “Um Sonho Possível” (2010)
Assista a um trailer legendado:
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