quinta-feira, 15 de agosto de 2013

“The Happiness Waltz” - Josh Rouse - 2013

Dizem que a felicidade não cai bem para um músico. Principalmente quando o seu modo de trabalho quase sempre resulta em canções melódicas, com direito a algumas baladas que fazem beleza e melancolia andarem juntas como irmãs unidas e inseparáveis. Assim, os melhores trabalhos são gerados naqueles anos de incertezas, dúvidas e frustrações. Naqueles anos onde uma parte da vida, seja ela qual for, não se comportou como você achava que deveria. Naqueles anos onde a música era antes de tudo um antídoto contra tudo isso.

Teve muito disso na vida de Josh Rouse, o que o ajudou a construir algumas canções realmente atraentes nesse período. No entanto, há algum tempo ele está de bem com a vida, praticamente desde que optou em mudar para a Espanha e iniciou um novo romance com a também artista Paz Suay. Depois de expressar esse contentamento em álbuns nem tão bons assim como o túrbido “El Turista” de 2010 e o mediano ““Josh Rouse and The Long Vacations” de 2011, chegou a hora de contrapor a afirmativa do primeiro parágrafo e lançar outro grande trabalho.

“The Happiness Waltz” reflete bem esses dias de paz e de serenidade. No décimo registro de estúdio, Josh Rouse esquece os batuques e percussões e parte para aquilo que sabe fazer de melhor, que é compor canções com melodias apuradas, daquelas que grudam na mente. O olhar retorna para os anos 60 e 70, para o folk, para o blue-eyed soul e para o alt-country.  Já quarentão, ele opta por evocar os timbres dos seus melhores registros como “1972” de 2003, Nashville de “2005” e “Subtítulo” de 2006.

Não por acaso a produção do novo álbum ficou sob a responsabilidade do velho comparsa Brad Jones, figura presente nos trabalhos colocados acima. Lançado em março, tem distribuição pela Yep Roc Records, foi gravado no Rouse’s Rio Bravo em Valência e conta com os parceiros das últimas empreitadas Xema Fuertes (banjo, guitarra, piano e vibrafone) e Cayo Bellveser (baixo, órgão), assim como Jim Hoke (flautas e sax), Raul Fernandez (piano) e Esteban Perles (bateria). A esposa Paz Suay ficou responsável pelo design e concepção visual.

São 12 faixas do melhor Josh Rouse que podemos desejar. Da súplica para o retorno da amada e a busca por coisas simples de “Simple Pleasures” até a ensolarada “A Lot Like Magic”, onde sem medo de soar piegas demais afirma que deve-se viver cada dia como se fosse o último. Da singela saudade de “City People, City Things”, até a saudade que também é tema de “The Western Isles”, mas não como um sentimento arrasador e mais como boas lembranças voltando a aparecer na cabeça.  

“It’s Good To Have You” apresenta um homem apaixonado pela mulher e achando prazer nas coisas cotidianas, mesma impressão de “Start Up Of Family” que versa sobre momentos ruins e a hora certa de montar uma família. “Purple And Beige”, mais leve, fala novamente sobre estar bem, se sentir bem, assim como “This Movies”. Bem-estar que fecha com força total na quase natalina faixa título que encerra o álbum falando de cartões postais, primaveras, sorrisos e calmaria.

“The Happiness Waltz” exibe novos parceiros de composições e arranjos e equilibra felicidade e saudade (de casa quando sai para shows ou da velha pátria) em uma balança que não pende necessariamente para nenhum dos lados. O resultado é um disco sedutor que só depois de algum tempo percebe-se que foi esquecido no player e já está tocando direto. Certa vez o filósofo francês Émile-Auguste Chartier escreveu que “a felicidade não é fruto da paz, é a própria paz”, e é com suavidade e com essa frase no bolso que Josh Rose parece caminhar atualmente.

Nota: 9,0

Site oficial: http://www.joshrouse.com

Textos relacionados no blog:
- Música: “Josh Rouse and The Long Vacations” (2011) – Josh Rouse and The Long Vacations
- Música: “El Turista” (2010) – Josh Rouse
- Música: “Country Mouse, City House” (2007) – Josh Rouse

Assista ao clipe de “Julie (Come Out Of The Rain)”:




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