Florença e Veneza. Duas cidades
italianas em que a arte pulsa em diversas formas a cada esquina, cidades que
são os berços principais da renascença italiana entre os séculos XV e XVI.
Some-se a isso uma história onde um herói improvável acaba no meio de uma trama
envolvendo uma corporação imensa e um louco de plantão que visam soltar uma
catástrofe na sociedade que nós conhecemos. Coloque também uma bela mulher,
algumas informações classudas sobre pintura, literatura e arquitetura e logo
teremos um livro interessante, correto? Não, não está correto.
Ler “Inferno”, o novo romance de Dan Brown com o professor Robert
Langdon como protagonista é uma aventura para pessoas extremamente corajosas,
para aqueles com estômago forte para consumir qualquer tipo de petisco,
independente da sua qualidade e gosto. Depois do fraquíssimo “O Símbolo Perdido”
que sucedeu o bom “Anjos e Demônios” e o razoável (porém de estrondoso sucesso
comercial) “O Código Da Vinci”, o autor consegue piorar o que já era ruim. A
ladeira que “O Símbolo Perdido” se prestava a descer ganha mais alguns
quilômetros para que “Inferno” siga adiante.
Com 448 páginas, tradução
conjunta de Fabiano Morais e Fernanda Abreu e lançamento pela Editora Arqueiro
(um braço da Editora Sextante), “Inferno”
coloca o professor Langdon nas cidades referidas acima e se estende por
outras como Istambul. Com amnésia parcial, esse híbrido de aventureiro,
detetive e renomado catedrático, busca solucionar mais um grave problema
provocado por um gênio da genética, que assustado com os rumos do planeta
devido ao aumento da população mundial, acaba por se vestir com as roupas de
salvador da pátria e aciona uma radical solução para a questão.
Dan Brown apresenta Robert
Langdon novamente com a sua claustrofobia, relógio do Mickey Mouse no pulso (perdido
aqui) e paixão pelas artes e símbolos antigos. Ao seu lado coloca outra bela
mulher (desta vez a médica Siena Brooks) e assim entra no redemoinho de
informações culturais, viradas de cenários e descobertas que beiram o impossível.
Tudo isso embalado com o clássico livro “A Divina Comédia” de Dante Alighieri (que
se pudesse ressuscitar com certeza daria uns petelecos na cabeça do autor) como
guia para que as pistas apareçam uma a uma e ajudem a destravar o cenário proposto.
Mesmo usando duas cidades
repletas de história como suporte principal, além das inúmeras informações
sobre quadros, prédios e livros, “Inferno”
não agrada em nenhum momento e mostra esgotamento e cansaço da temática. A tentativa
de ganhar conotações mais sérias e fazer o leitor “pensar” sobre a questão da superpopulação
mundial é risível e carente de argumentos novos. Esse ciclo de repetição que agrada
em outros livros que ostentam um personagem constante não funciona nesse caso, pois
Robert Langdon não tem tanto charme e carisma assim. E muito menos as palavras
do seu criador.
P.S: Inferno é escapar dos
trocadilhos óbvios com o nome. J
Nota: 2,5
Leia um trecho disponibilizado
pela Editora Arqueiro, aqui.
Textos relacionados no blog:
- Literatura: “O Símbolo Perdido”
– Dan Brown
Um comentário:
Nem perdi tempo tentando ler esta joça. Mas li sim um comentário interessante do Nelson Motta a respeito do livro: Por que cargas d'água o cara que quer aniquilar 1/3 da humanidade se dá ao trabalho de espalhar intencionalmente pistas para que seu plano seja desvendado e consequentemente, impedido?
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