É simplesmente inegável o poder
que as criações de Mauricio de Sousa exerceram sobre a maior parte das crianças
que viveram nos anos 80 e 90. Sim, esse fascínio também se estendeu por décadas
anteriores e posteriores, mas pode-se afirmar que foi nessa faixa de anos citada
que os personagens realmente se consolidaram. Depois foi cada vez mais
necessário se adequar a novos tempos (e isso foi feito sabiamente, cabe ressaltar)
e transformar um pouco a linha evolutiva de cada um.
Usando essas décadas como
referência básica é que os irmãos Vitor e Lu Cafaggi (de “Puny Parker” e “Mixtape”,
respectivamente) criaram “Laços”, o
segundo álbum do projeto Graphic MSP, que objetiva dar uma oxigenada nos
cinquentões personagens transferindo essa releitura para novos artistas.
“Astronauta Magnetar” trouxe o viajante espacial como protagonista no ano
passado sob a batuta de Danilo Beyruth alcançando um ótimo resultado. Agora é a
vez de Cebolinha, Mônica, Cascão e Magali entrarem na onda.
“Laços” é uma aventura por essência e ao acabar de ler é impossível
não tecer comparações com a atmosfera de filmes como “Os Goonies” de 1985
dirigido por Richard Donner ou “Conta Comigo” de 1986 dirigido pelo Rob Reiner.
Remete-se até mesmo a coisas mais recentes como o excelente longa “Super 8” de
2011, onde o diretor J. J. Abrams, não por acaso, usa esse clima oitentista com
bastante propriedade como um dos principais ingredientes. Contudo, “Laços” ainda consegue ir bem além.
Lançado pela Panini Comics com 82
páginas e formato grande em versões de capa dura e brochura, a história retrata
um tempo diferente, um tempo que hoje ainda só se encontra vivo em grandes
proporções em cidades menores. Um tempo em que as crianças brincavam e corriam
pela rua arrumando confusões e não ficavam o dia todo vidradas em computadores
e games. Sim, os tempos são outros e diversas situações atuais levam a isso,
porém o charme desse tipo de ambientação ainda promove boas emoções.
“Laços” narra o início da amizade do quarteto de ferro de Mauricio
de Sousa e os envolve em uma missão para encontrar o Floquinho, o cachorro do
Cebolinha, que sumiu do nada. Com uma arte extremamente viva e capaz e um
roteiro que dosa muito bem tanto a aventura em si quanto a formação de uma
amizade duradora, os autores conseguem a proeza de fazer adultos sentirem uma leve
e prazerosa nostalgia no coração, assim como envolver novos leitores nos meandros
da turminha mais carismática do país.
P.S: Gustavo Duarte (de “Taxi”) será responsável pelo próximo álbum
em quadrinhos da série, com o Chico Bento como personagem principal e que até
agora é intitulada de “Pavor Espaciar”.
Nota: 9,0
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