Em 2009 a Marvel resolveu criar uma nova linha de quadrinhos baseada nos seus personagens clássicos. A ideia
primordial era ambientar essas histórias nos anos 30 e caracterizar estas com
um aspecto noir e inspiradas na literatura pulp da época. O noir que como literatura
e, principalmente cinema, rendeu ótimos frutos, invadiria assim os quadrinhos com suas
tramas policiais com detetives, assassinatos, cores negras, homens dúbios e mulheres
provocantes e não confiáveis. A ideia foi dando certo e a Marvel estendeu essa
linha para uma gama bem ampla do catálogo.
A Panini Comics começou a
publicar esses produtos por aqui e o resultado é sempre mais ou menos
satisfatório, apesar de não convencer exatamente pelo brilho do personagem principal
e sim por algum outro atrativo, caso dos aspectos sociais e econômicos expostos
em Homem-Aranha ou do ritmo de aventura visto em Homem de Ferro. Porém, era meio
claro que quem teria mais condições de se adequar a esse estilo era o
Demolidor. Era só não estragar tudo como fizeram no horrível filme de 2003.
“Demolidor Noir” foi publicada em terras brazucas agora em 2013 e apresenta as quatro edições lançadas lá fora entre junho e setembro
de 2009 em um arco fechado. Com roteiro do escritor Alexander Irvine, arte de
Tomm Coker e cores de Daniel Freedman, o homem sem medo é transportado para o período
da lei seca, mas continua na Cozinha do Inferno. Lá, ele não é mais um
advogado, mas um ajudante do amigo Foggy Nelson, travestido aqui nesta versão
em um investigador particular.
O Matt Murdock de “Demolidor Noir” é um homem mais
atormentado que de costume, e assim, diferente das outras publicações dessa linha
editorial, assume o posto de destaque. Sem encontrar seu lugar, vive sofrendo
com dúvidas, inquietações e um sentimento de raiva pela morte do pai que lhe
move adiante contra o crime. Seus instintos aumentados são um benefício sem
dúvida, mas também uma dor constante, que lhe tiram o sossego e aplicam no seu
ego uma confortável e perigosa dose de arrogância.
É essa arrogância que o atira
dentro de um caso junto com o rei do crime Wilson Fisk, um novo gângster que
tenta lhe roubar o trono e, evidente, uma bela mulher, tão comum nas histórias
do Demolidor e do próprio gênero noir. Quando atualmente o personagem passa por
mais uma das suas inúmeras (e interessantes) reconstruções pessoais, esse olhar
diferente com cores escuras e densas serve para reafirmar o potencial e carisma
do Demolidor, mesmo que sempre renegado a mero coadjuvante pela Casa das
Ideias.
P.S: Só o uniforme que não ficou lá essas coisas. Perdoável.
Nota: 8,5
Mais sobre os autores Alexander
Irvine, Tomm Coker e Daniel Freedman você encontra aqui (http://alexirvine.blogspot.com.br)
e aqui (http://www.corvxstudios.com).
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