Uma história em quadrinhos
repleta de viagens dimensionais e de passagens por universos paralelos com
quebras de linhas temporais e onde o espaço-tempo não passa de uma meretriz.
Assim é “Casanova: Luxúria”,
lançamento da Panini Comics do final do ano passado. A elogiada obra que
começou a ser publicada na gringa em 2006 pela Image Comics, finalmente ganha uma
caprichada edição nacional, baseada na republicação que a Marvel/Icon fez em
2011.
Com roteiro de Matt Fraction (que
fez um premiado trabalho na série normal do Homem de Ferro) e desenhos de
Gabriel Bá (nesse volume, o irmão Fábio Moon não dá as caras, mas está em
posteriores) do ótimo “Daytripper”, a trama viaja literalmente para fora de
conceitos fixos e estruturas mais engessadas. As cores da brasileira Cris Peter
(“Astronauta Magnetar”) são fundamentais para que o desejado clima psicodélico
e quase transcendental assuma a direção.
Com capa dura, material bônus e
164 páginas, o álbum foca no agente secreto Casanova Quinn que precisa lidar
com vilões de egos majestosos, além da conflituosa (para dizer o mínimo)
relação com o pai que lidera a maior força de prevenção de perigos da
humanidade, a I.M.P.E.R.I.O. Tirando barato com um bocado de coisas, os
quadrinhos em geral são um dos maiores focos e as siglas aparecem
constantemente, como M.O.I.T.A e T.A.M.I, entre outras.
Em determinado momento, Casanova
afirma para um vilão: “você fala que nem
Gibi”, e eis que o vilão responde: “vivo
como se estivesse em um”. Usando referências que vão do Buzz Lightyear de “Toy
Story” e desembarcam em David Bowie, os Beatles também aparecem e servem de
assunto em um jantar, onde quem conversar sobre outra coisa ou emitir um
parecer desfavorável sobre a banda corre o sério risco de morrer (o que
verdadeiramente acontece).
Enquanto a trama vai se montando,
forçando o leitor a encontrar uma lógica e ligação no meio de tudo, existem
quadros separados onde os personagens explicam determinados pontos de vista ou
fazem comentários irônicos. Até Deus aparece e dá uns pitacos de vez em quando.
No meio da jornada temos sexo (aparece uma cidade onde o carnaval é permanente
o ano todo), tecnologia artificial, confusão, brigas e cenas que brincam com o
limite daquilo que é impossível.
“Casanova: Luxúria” tem fãs de peso como o músico Jon Spencer e
nomes importantes dos quadrinhos como Ed Brubaker, Brian Michael Bendis e
Warren Ellis. No total são sete volumes planejados, cada um contendo o nome de
um pecado capital. Desses sete, outros dois já foram publicados lá fora, com os
subtítulos de “Gula” e “Avareza”. Mesmo com uma clara vantagem da estética
sobre a história em si, o encadernado é de leitura recomendável e agrada dentro
da sua planejada loucura.
Nota: 7,5
Site oficial de Matt Fraction: http://mattfraction.com
Blog de Gabriel Bá e Fábio Moon: http://10paezinhos.blog.uol.com.br
Textos relacionados no blog:
- Quadrinhos: “Pixu” – Gabriel Bá,
Fábio Moon, Vasilis Lolos e Becky Cloonan
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Fábio Moon e Gabriel Bá
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