“Às vezes os bandidos saem por
cima, às vezes os bons perdem. Nós tentamos não perder nossos corações, para
não perder nossas mentes”. Com esse tom de desânimo e um pouco de descrença é
que se inicia o novo álbum dos norte-americanos do Yo La Tengo. Lançado em
janeiro desse ano, o 13º disco da carreira foi gravado no Soma Studios em
Chicago e traz pela primeira vez John McEntire (de Tortoise e Teenage Fanclub)
na produção.
Sob a batuta dos velhos amigos do
selo Matador Records, o casal Ira Kaplan e Georgia Hubley, junto com James
McNew, continuam na ativa sem se entregar e sem ceder ao óbvio e ao fácil. “Fade” é o sucessor de “Popular Songs”
de 2009, uma espécie de brincadeira séria onde a banda flertava com vários
estilos e que apesar de mostrar bons momentos como “Nothing To Hide” e “More
Stars Than There Are In Heaven” era bem inconsistente.
Essa inconsistência não aflige “Fade”. Com 10 faixas é um daqueles
raros álbuns que hoje em dia podem ser escutados completamente e depois
repetidos. Depois dos quase sete minutos de abertura da quase extraordinária “Ohm”,
o disco flui para a doce e amorosa “Is That Enough” onde Ira Kaplan despeja a
melodia conversando suavemente com o ouvinte, para depois com direito a
orquestrações levar a canção rumo aos anos 60.
As frequentes guitarras sujas da
banda aparecem discretamente no registro. Não que elas tenham sumido, pelo contrário,
apenas estão em volume reduzido, exceção feita as distorções de “Paddle Forward”
que fazem lembrar o trabalho de estreia de 1986 chamado “Ride The Tiger”. Já na
dobradinha “Cornelia and Jane” e “Two Trains”, a lembrança recai para outro
álbum, dessa vez o calmo “And Then Nothing Turned Itself Inside-Out” de 2000.
Com quase 30 de anos de carreira
(a primeira formação é de 1984), o Yo La Tengo não consegue fugir da comparação
com registros anteriores, sendo que “Fade”
é uma espécie de resumo de todas as fases da banda. Mal comparando, é para eles
o que foi o “New Adventures in Hi-Fi” para o R.E.M, uma junção de
características antigas forjadas em um caldeirão novo e com canções com poder
para entrar no seleto rol de melhores da discografia.
“Fade” ainda exibe, entre outras canções, os leves toques de Sonic
Youth na melodia de “Stupid Things” e o medo e fuga de “Before We Run”, que
fecha absurdamente bem o registro. Em pleno ano de 2013, o Yo La Tengo
apresenta um disco para ficar apenas um degrau abaixo de álbuns como “Electr-O-Pura”
de 1995 ou a já citada estreia de 1986 e ao contrário do que o título possa
indicar, o trio continua forte e parece longe de enfraquecer.
Nota: 9,0
Site oficial: http://www.yolatengo.com
Facebook: http://www.facebook.com/TheRealYLT
Assista ao
clipe de “I'll Be Around”: