Final de ano. Uma ótima época para
viajar com a família com o intuito de relaxar e aplacar um pouco a falta de
atenção cometida durante o restante do ano devido ao trabalho, as coisas da
vida em geral. Imagine só então ir para um lugar paradisíaco, repleto de
belezas naturais. Um sonho, não é? Foi isso que pensou uma (entre tantas
outras) família espanhola ao embarcar para as festas de 2004 com destino à costa
da Ásia. E devido a um tsunami de proporções gigantescas, esse sonho virou um
pesadelo.
É baseado nessa história real que
o diretor espanhol Juan Antonio Bayona (do esquecível “O Orfanato”) criou seu
novo filme “O Impossível”, que
estreia por aqui agora no final de 2012. Sem apelar para milhares de efeitos
especiais da catástrofe (apesar desses efeitos existirem), a trama tem como o
foco a briga para escapar da imensidão de água que constantemente arremessa
tudo e todos, para em um segundo momento se preocupar com o reflexo do desastre
que separa famílias e produz corpos.
Para interpretar a família
(convertida em britânica), outro acerto. O casal ficou com Ewan McGregor (“Trainspotting”)
e Naomi Watts (“21 Gramas”), e os dois que já haviam trabalhado juntos no
mediano “A Passagem” do diretor Marc Foster de 2005, aqui vão bem além e
conseguem brilhar, principalmente a atriz inglesa. Os três filhos do casal
também tem boas atuações, a saber: Tom Holland como Lucas, Samuel Joslin como
Thomas e Oaklee Pendergast como Simon. Fragilidade e coragem na dose certa.
O roteiro de Sergio G. Sánchez
(parceiro de Bayona em “O Orfanato”) tem essa habilidade de alternar a
calamidade de maneira mais ampla com o sofrimento particular da família. Isso
sem poupar o espectador de mostrar os graves ferimentos e toda a sujeira
imposta pela lama e sangue. O roteiro também encontra tempo para adicionar
outros personagens, como Karl (Sönke Möhring de “Bastardos Inglórios”), que em
poucos minutos na tela consegue passar uma carga forte de dor e esperança.
“O Impossível” até apresenta algumas questões para espectadores
mais ranzinzas discutirem, como colocar o foco em uma família europeia ao invés
de moradores da região, ou a solução final com o tratamento médico envolvido,
porém, nada disso tira a forte carga de emoção que o longa transpira a cada
minuto e muito menos as atuações convincentes do elenco, que vive ali naquele
momento o drama que milhares sofreram e que deixou mais de 200 mil mortes no
rastro de destruição que a natureza impôs.
Nota: 8,0
Assista ao trailer legendado:
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