Desde que a Editora Panini
assumiu a publicação das linhas da DC e da Marvel no Brasil, é inegável o bom
trabalho que vem sendo feito. Há de se discordar de alguns pontos como o tempo
de atraso ainda vigente nas publicações maiores, ou a equivocada junção de
títulos para formar o mix das revistas, resultando às vezes em boas séries
esquecidas. No entanto, isso são detalhes dentro de um todo. No geral, o
trabalho é bem realizado e cada vez está mais amplo.
O selo Vertigo da DC é um dos que
vem recebendo os melhores cuidados e a prova disso são dois recentes
lançamentos inéditos por aqui. O primeiro é “Sweet Tooth – Depois do Apocalipse” de Jeff Lemire, e o segundo é “O Inescrito” de Mike Carey e Peter
Gross. Os dois encadernados apresentam as cinco primeiras edições de cada,
originalmente publicadas no decorrer de 2009 inicialmente. “O Inescrito” ainda ganha alguns textos e mais extras de esboços
como bônus.
O primeiro volume de “Sweet Tooth” é “Saindo da Mata”. Nele,
Jeff Lemire conta a história de uma terra sofrida, após quase todos os humanos serem
extintos devido a uma infecção generalizada. As crianças que agora nascem no
planeta são híbridos de humanos e animais. O foco está no jovem Gus (que
carrega traços de cervo na anatomia), que depois de ver o pai falecer começa a
ser caçado, pois a espécie dele é altamente valorizada nesse mundo novo. É
quando entra o velho Jepperd.
Jepperd é um homem forte, que por
razões bem próprias, resolve salvaguardar a vida de Gus e conduzi-lo a uma
reserva para sua espécie. Nessas primeiras edições a série ainda se apresenta e
exibe cores escuras e boas passagens de ação, tratando praticamente de
sobrevivência e busca de identidade. Quem já leu mais (através de importados ou
dos sites de scan da rede), sabe que tudo engrena a partir dessas primeiras
revistas, ganhando contornos mais dramáticos. Vale a espera.
“O Inescrito”, por sua vez, já começa apoderando-se do leitor. Mike
Carey e Peter Gross apresentam Tommy Taylor, um jovem que vive do sucesso do
desaparecido pai, um escritor responsável por uma franquia de extremo sucesso com
um jovem bruxo, onde o filho foi o molde para a criação. A história do jovem
bruxo é uma alusão direta a Harry Potter, e rende algumas tiradas inspiradas,
enquanto também é usada para uma crítica das adorações extremas da sociedade.
Viajando pelo universo da
literatura e fazendo desse universo a afiada faca que corta a linha entre
fantasia e realidade, “O Inescrito”
é original dentro da prerrogativa a que se propõe. Com direito as fantásticas
capas de Yuko Shimizu abrindo as edições, viajamos por um mundo onde até o falecido
escritor inglês Rudyard Kipling (mais aqui) serve como alavanca para o
desenvolvimento da trama. E entre todas essas citações, temos um dos grandes
trabalhos dos quadrinhos da atualidade.
P.S: “Sweet Tooth –
Depois do Apocalipse” tem 132 páginas e custa R$ 15,90. Já “O Inescrito” tem 148 páginas e custa
R$ 18,90. Ambas primeiras edições podem ser encontradas em bancas de revistas.