O ano era 1962 e estreava nos
cinemas “007 Contra o Satânico Dr. No”, com Sean Connery no papel do agente
britânico idealizado por Ian Fleming nos livros. De lá para cá, nos 50 anos que
passaram, a franquia de espionagem mais charmosa do planeta gerou 22 filmes,
com direito a 6 atores usando as vestes do personagem. Em 2012, “007 – Operação Skyfall” chega com a
missão de comemorar o cinquentenário dessa história, como também afirmar de vez
alguns nomes e moldar os caminhos para o futuro.
Um desses nomes que precisam de
afirmação é Daniel Craig. Sua passagem como 007 desembarca agora no terceiro
filme, sendo que nos anteriores ele ainda não havia convencido plenamente como
James Bond, apesar dos números de bilheteria apontarem outra análise. O diretor
Sam Mendes, vencedor do Oscar por “Beleza Americana” em 1999, é outro que ganha
uma chance de aparecer novamente, além da MGM, empresa que detém os direitos e
que passou por um processo de falência recentemente.
“007 – Operação Skyfall” abre com uma sequência matadora de ação (e
que remete muito ao recente “O Legado Bourne” do diretor Tony Gilroy), que
culmina em Bond atingido por um tiro equivocado da sua companheira de MI6, Eve
(Naomi Harris). Logo em seguida, o agente secreto é dado como morto e o filme
nos leva até ele em uma ilha bebendo tudo o que é possível, enquanto sucumbe à
própria preguiça e desgosto. Até que ele vê na televisão que o antigo órgão
onde trabalhava sofreu um atentado.
Com a vida de M (Judi Dench,
sempre excelente) em jogo, o 007 não vê outra saída senão voltar e resolver
tudo. Dobra-se ao chamado quase inevitável de bancar o herói novamente. Para
achar o responsável por trás do ataque, Bond precisa se sujeitar a uma série de
testes físicos e psicológicos para mostrar que ainda está apto para a missão,
principalmente aos olhos do novo chefão da agência, Gareth Mallory (Ralph
Fiennes). Essa necessidade de se mostrar útil ainda, vira na verdade, a sua
grande motivação.
É nesse momento que “007 – Operação Skyfall” apresenta todas
as apostas. Mantendo a opção em fazer filmes cada vez mais realistas, insere um
vilão (Javier Bardem) que não quer destruir o mundo, mas apenas saciar desejos
de enriquecer e de conseguir vingança. O Q (espécie de cientista maluco do bem)
do MI6 agora é um nerd com paixão por computadores (Ben Whishaw) e não inventa
engenhocas mirabolantes. E para dar um último realce, envolve um dramalhão
sobre carências maternas e traições de confiança.
O diretor Sam Mendes, apoiado no
roteiro de John Logan, brinca de modo constante com o presente e o passado na
tentativa de deixar as coisas mais viáveis. No entanto, parece esquecer que nos
filmes do agente, a figura principal sempre tem que ser Bond. Daniel Craig,
mesmo melhorando desde a estreia em “Casino Royale”, ainda não demonstra o
charme, o humor e a vaidade que cunharam a marca 007. Assim, o filme é um prato
vistoso e elaborado com bons ingredientes, mas ainda insípido ao paladar.
P.S: A música tema é da Adele.
Ouça aqui.
Nota: 5,5
Textos relacionados no blog:
- Cinema: “007 – Quantum Of Solace” (2008).
Assista ao trailer legendado:
Nenhum comentário:
Postar um comentário