Uma entrada climática. Um ritmo
que cessa, depois recomeça, só para cair e subir completamente de novo. Assim é
“Skin Graph”, a música de abertura de “Neck
Of The Woods”, o terceiro álbum do Silversun Pickups lançado este ano. Para
quem já conhece o trabalho do grupo dos registros anteriores (“Carnavas” de
2006 e “Swoon” de 2009), nada pode parecer mais familiar. Lá estão basicamente
as mesmas texturas guiadas por uma conhecida fórmula.
No entanto, ao escutar
atentamente as onze faixas com uma hora e pouco de duração, percebe-se que
Brian Aubert (vocal e guitarra), Nikki Monninger (baixo), Joe Lester (teclados
e sintetizadores) e Christopher Guanlao (bateria) começam a querer um caminho
um pouco diferente. Um caminho mais pop, com menos guitarras e distorções, mas sem
abdicar das longas faixas (quase todas de 5 minutos em diante) e do nível de
experimentalismo que utilizam.
Essa mudança é notada logo na
produção, que ficou com Jacknife Lee (U2, R.E.M). A banda passou dez semanas no
estúdio dele em Topanga na Califórnia, USA, e lá cunhou a maioria do registro
ajustando algumas canções antigas e elaborando novas composições. É visível que
essa lapidada no som é para alcançar públicos maiores, renegando um pouco os
trajes da sonoridade, como Aubert afirma em “Skin Graph” dizendo que está de
pele nova e pronto para usar.
Esse teor mais pop é confirmado
na faixa de trabalho “Bloody Mary (Nerve Endings)”, que apesar de usar um ar
meio progressivo no início, depois contrapõe isso com o vocal especificamente
frágil e desesperado, que busca o alívio pressuposto pela letra envolto em uma
doce melodia. Outra faixa que comunga bem da mesma febre pop é “Dots And Dashes
(Enough Already)”, porém essa febre é instável e não cai bem sempre (vide “Gun-Shy
Sunshine”, por exemplo).
Outros bons momentos são “Make
Believe” que traz a bateria já característica da banda e “Here We Are (Chancer)”,
uma quase-balada com eletrônica que versa sobre perda. Essa eletrônica aparece
novamente em “The Pit”, flertando de modo descarado e dançante com os anos 80. Anos
80 que também serve de base para “Simmer” - a mais longa do disco - que surge cheia de perguntas e com variações um
pouco mais experimentais, além das habituais camadas de guitarras.
Desde o primeiro EP de 2005 (“Pikul”),
o Silversun Pickups se mostrou promissor e confirmou isso logo na estreia com
um excelente disco. “Neck Of The Woods”
é um trabalho de transição, que opta por ajustar a vestimenta externa, mas não
trocar a fórmula-essência das canções que começam calmas e depois explodem,
mantendo esse círculo vicioso até o fim. É um registro de razoável para bom, que
deixa as apostas positivas dessa mudança para o próximo trabalho. É pagar para
ver.
Nota: 6,5
Site oficial: http://silversunpickups.com
Matérias relacionadas no blog:
- Música: “Carnavas (2006)” –Silversun Pickups
- Música: “Swoon (2009)” –Silversun Pickups
Assista ao clipe de “Bloody Mary
(Nerve Endings)”:
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