Sabe aquelas maravilhosas pílulas contidas em livros baratos
de auto-ajuda? Pois é. Os londrinos da banda Bloc Party se utilizaram de uma
dessas para elaborar o novo álbum da carreira, aquela que diz que: às vezes é preciso dar dois passos para
trás, para que se possa seguir em frente. E foi olhando para os anos de
2004 e 2005 que o quarteto conseguiu adiar seu atestado de óbito e manter-se
vivo, mesmo ainda sem estar plenamente recuperado.
Depois de bons EP’s e uma ótima estreia (“Silent Arm” em 2005),
veio um segundo álbum que apontava para outros caminhos, mas mantinha uma parte
da qualidade (“A Weekend In The City” de 2007). Só que esses novos caminhos não
foram percorridos devidamente e resultaram no sofrível “Intimacy” de 2008, onde
a eletrônica marcava presença de modo relevante e a inspiração parecia ter
saído para fumar um cigarro e não retornou mais.
“Four”, não casualmente, chega depois de
quatro anos do último trabalho, assim como atravessa um pavilhão de boatos que
indicavam o fim. Kele Okereke (vocal e guitarra), Russell Lissack (guitarra),
Gordon Moakes (baixo e vocais) e Matt Tong (bateria) absorveram toda essa
boataria do jeito que deu e com a ajuda do produtor Alex Newport resolveram
retornar para as coisas simples da sonoridade inicial e assim mostrar energia e
boas canções.
Exemplos dessas boas canções são “Octopus”, com um estilo
indie rock mais tradicional e boa melodia, como também a pesada “Kettling” com
uma guitarra gritando ao fundo e “V.A.L.I.S” com um refrão para cantar junto e
balançar o corpo. Na linha mais suave e tranquila, a banda que já fez músicas
como “I Still Remember” apresenta “Real Talk”, “The Healing” e principalmente
“Truth”, um casamento feliz de vocal, melodia e ritmo.
Mas “Four” não é um disco somente de acertos. Esse retorno às
raízes não é completo e cobra seu preço em faixas medonhas como “Coliseum”
(emulando o grunge) e “Team A”. As letras – outrora, um dos pontos fortes –
trazem pouco brilho que ficam em faixas como “3x3” que versa sobre redenção e
a porrada rápida de “We Are Not Good People” que fecha o disco falando de
aceitação, religião e crescimento, temas tão comuns a Kele Okereke.
Entre as diversas versões “deluxe” com bônus que foram
colocadas no mercado (o que parece ter virado uma moda sem relevância
comprovada), “Four” é um disco que
nas suas doze faixas procura apagar as ideias ruins do passado ao optar por não
investir mais em experimentações, buscando assim recolocar as coisas no eixo em que se encontravam tempos atrás. E o bom disso é que consegue esse objetivo, apesar de não ser excepcional.
P.S: Um dos bônus é “Mean” que lembra
muito, mas muito mesmo a melodia de “The Killing Moon” do Echo And The
Bunnymen.
Nota: 7,5
Site oficial:
http://blocparty.com
Textos relacionados no blog:
- - Música: “A Weekend In The City”(2007) – Bloc Party
Assista ao
clipe de “Kettling”:
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