sexta-feira, 13 de julho de 2012

"Os Imperfeccionistas" - Tom Rachman


Anos 50. Um milionário resolve por capricho gastar uma parte da fortuna para abrir um jornal. O ambicioso projeto terá sede em Roma na Itália e se espalhará por todo o mundo em língua inglesa, adotando como foco a excelência e a credibilidade. Esse é o mote inicial que conduz a trama de “Os Imperfeccionistas” do escritor inglês Tom Rachman, que ganhou edição nacional no ano passado pela Editora Record com 384 páginas e tradução de Flávia Carneiro Anderson.

Os capítulos do livro são dedicados individualmente a um personagem do jornal, indo do chefe de redação até a diretoria. São 11 pessoas que têm um trecho da vida contado durante os anos de 2006 e 2007, fase em que o livro se desenvolve. Entre esses capítulos existem outros menores, onde os bastidores da criação do jornal aparecem e indicam não somente o processo árduo de continuidade, como também os reais motivos por trás de uma empreitada tão arriscada.

Tom Rachman já foi correspondente internacional em vários lugares, como também editor, o que lhe garante domínio para escrever sobre o momento que impulsiona a obra. Os jornais estão à beira da falência e sobreviver sem olhar para o mundo virtual é impossível. Aliás, vencer olhando para o mundo virtual também é bem difícil. Os tempos são outros e se reinventar é preciso, além de ser vital para que ideias continuem sendo expressas e tenham o devido retorno financeiro.

Essa reinvenção é justamente o que não ocorre no jornal em Roma. Sem site na internet e sem colaboradores capazes espalhados pelo mundo, a ladainha corporativa de redução de custos e corte de pessoal paira sobre todos. A tiragem despencou para a metade do que já alcançou um dia e a almejada credibilidade está sendo arrancada com erros grosseiros de escrita e matérias sem inspiração. No meio desse tiroteio silencioso estão os funcionários, a mola mestre do negócio.

É em cima dos funcionários que “Os Imperfeccionistas” se expande. Amarrando os dramas pessoais vividos por cada um com a situação profissional, Tom Rachman cunha um panorama de desilusão e desgosto com a vida, mesmo que em alguns casos isso esteja encoberto por ambições profissionais ou simples desinteresse. Não há felicidade no livro. Esse é um artigo em falta. As conquistas que ocasionalmente aparecem são motivadas por algum desastre ou desatino.

De modo geral a trama é interessante e prende a atenção. O autor correlaciona todos os fatos e personagens deixando poucas arestas a aparar. Em passagens como a da leitora Ornella de Monterecchi ou do correspondente em Paris, Lloyd Burko, “Os Imperfeccionistas” alcança um patamar realmente elevado ao mostrar que a vida é implacável ao passar, por mais que se busquem artifícios para ocultar. O jornal pena para aprender essa máxima, assim como as pessoas envolvidas.

Nota: 8,5

Site do autor: http://tomrachman.com

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