Quando chegava ao fim as quase
900 páginas de “A Tormenta de Espadas”, o terceiro volume das crônicas de gelo
e fogo do escritor George R. R. Martin, o leitor tinha no seu âmago uma mescla
de assombro e expectativa. A primeira dessas sensações residia no rumo que a
trama havia tomado, principalmente pela opção de se embrenhar cada vez mais em
sujeiras, traições e maldades diversas. Já a segunda, passava pelo que viria a
se aprontar no quarto livro da série, onde definitivamente não deveria haver limites.
Esse livro seguinte da série,
chamado “O Festim dos Corvos”, foi
publicado originalmente no exterior em 2005 e ganhou edição nacional no começo
desse ano pela Editora Leya, com tradução de Jorge Candeias. Nas 644 páginas da
obra, George R. R. Martin concentra seus esforços mais na capital de Westeros,
Porto Real. Como escreve logo nas primeiras páginas, essa opção foi necessária,
pois o volume imaginado para esse próximo passo estava demasiadamente grande e
não tinha como ganhar corpo físico.
Sendo assim, personagens fortes
como Jon Snow e Stannis Baratheon, assim como a mãe dos dragões Daenerys
Targaryen, ficam praticamente sumidos, aparecendo somente em citações ou muito
raramente em poucas passagens. Na contramão disso, as casas das dinastias
Martell, Tyrell e Greyjoy ganham mais destaque e tem seus segredos e alianças
revelados, principalmente os Greyjoy das Ilhas de Ferro, que precisam encontrar
um novo Rei enquanto disputam com a ferocidade costumeira esse título.
Ao reunir suas energias em Porto
Real, olhando mais para as maquinações da Rainha Regente Cersei Lannister
dentro de sua quebradiça corte, “O Festim dos Corvos” vai aquém das
expectativas e não consegue superar o seu antecessor, parando assim a crescente
que os livros da série obtinham a cada volume. A sujeira e a falsidade ainda
estão presentes, mas ganham tons mais de novela mexicana do que da rispidez
anterior, com uma quantidade bem pequena de diálogos espirituosos dos
envolvidos.
Os caminhos indicados ostentam uma
nova conjuntura para o final dos pretensos sete volumes totais, porém não são
suficientes para agradar como anteriormente. Há de se considerar, no entanto,
que esses fatos devem ser analisados em conjunto com o quinto volume “A Dança
dos Dragões” com lançamento previsto para esse mês de junho, pois ele se passará
na mesma ordem cronológica. Sobra então esperar que Jon Snow e Daenerys
Targayen devolvam o alto nível que “O
Festim dos Corvos” não conseguiu manter.
Nota: 6,0
Site oficial do autor: http://georgerrmartin.com
O site da Editora Leya
disponibiliza um trecho para leitura, aqui.
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