Gilbert Shelton nasceu em 1940 no
conservador estado do Texas nos Estados Unidos. No entanto, para o bem dele e
dos quadrinhos não herdou quase nada do ranço reacionário que predomina por lá.
Pelo contrário, entrou de cabeça na contracultura das décadas citadas e criou
os Fabulous Furry Freak Brothers, um trio de hippies loucões que usava para
bombardear não só os costumes específicos dessa geração, como também
instituições diversas, sem nunca exercer o dom do perdão.
Os seus personagens mais famosos
foram os únicos que ganharam edição nacional por aqui em dois livros lançados
pela Conrad Editora em 2004 e 2005, que agora também é a responsável por diminuir
um pouco essa ausência. Publicado lá fora em 2010, “Not Quite Dead - O Último Show” (“Not Quite Dead: Last Gig in Shnagrlig”, no original) ganha edição
nacional com formato de 21 x 27cm e 48 páginas traduzidas por Ludimila
Hashimoto. É a estreia dessas figuraças em solo nacional.
A série “Not Quite Dead” deu os primeiros passos em 1992 e de lá para cá
estrelou quatro livros, conduzidos do modo calmo e tranquilo do autor. Nela,
Gilbert Shelton espelha a “banda de rock menos famosa do mundo”, que é tão
desconhecida que nunca chegou a sequer pagar algum imposto e o máximo que
consegue é tocar as terças em um bar. O grupo é formado por Cat Wittington,
Elephant Fingers, Thor, Sweet Eddie e Felonious Punk, além do faz-tudo Gnarly
Charlie.
O álbum que a Conrad apresenta
agora pega essa banda recebendo uma notícia fantástica para as suas aspirações:
vão realizar um show internacional. Motivados e cheios de esperança, eles não
tem conhecimento, no entanto, que são parte de um plano repleto de disparates
de um órgão secreto do governo americano para provocar guerra em um longínquo
país com o intuito primordial de conquistar pretensos recursos naturais. E
claro, precisam de um motivo para tanto.
Com ilustrações do francês Pic,
Gilbert Shelton guia a Not Quite Dead em uma trama surreal e repleta de
insanidades, onde pelo caminho critica o país onde nasceu (há tempos ele mora
na França), assim como condutas políticas e religiosas exercidas por meio do
radicalismo. Utilizando a música que sempre esteve presente na sua obra, aplica
novamente altas doses de humor na veia do leitor e para não perder o costume,
mesmo próximo dos 72 anos, continua não perdoando ninguém.
P.S: Na verdade, não se trata do último show do Not Quite Dead. Em
entrevista recente o autor disse que continuará escrevendo sobre os
personagens, porém a tradução perdeu um pouco do sentido do título inspirado no
filme “O Último Tango Em Paris”.
Nota: 7,0
Mais sobre o autor: http://www.ripoffpress.com
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