Com uma vida amplamente divulgada
em diversos meios de comunicação durante a carreira (e utilizando isso como uma
inteligente estratégia de marketing), à primeira vista não tem muito o que se
esperar sobre um filme desse tipo, além de um tremendo mais do mesmo. E tem
disso. Muito. Lá estão histórias conhecidas dentro do universo do rock em geral
(e da música como um todo), além de todos aqueles clichês que circulam o tema
para o bem e para o mal. No entanto, tem um pouco mais.
“God Bless Ozzy Osbourne” tem pouca música e opta em caminhar mais
pela estrada da vida pessoal e suas consequências. É em cima disso que rende os
melhores momentos. Abre com um aquecimento antes de um show em Buenos Aires e vai
galgando as etapas da vida de Ozzy desde o início da paixão pela música com “She
Loves You” dos Beatles, indo pelos tempos de Black Sabbath (onde para fazer parte
ter uma PA de som contou mais que habilidade vocal) e disseca os anos da
carreira-solo.
Como é comum em projetos desse
tipo, os depoimentos servem para atestar a importância do músico dentro de um contexto
amplo, como também auxiliam na linha de narrativa traçada. Aqui não é
diferente. Além dos companheiros de Sabbath, Tony Iommi, Bill Ward e Terry “Geezer” Butler,
aparecem Henry Rollins, Paul McCartney e John Frusciante, entre outros. Porém,
essas incursões não se comparam em nada aquelas feitas pela família, mais
particularmente a dos filhos.
Com anos a fio se deteriorando
entre drogas e álcool, responsáveis diretos pelas sequelas de raciocíonio e coerência
que apresenta hoje, mesmo que em escala bem menor do que em outras épocas como
no tempo do seriado na MTV, esses vícios não respingaram na família, e sim
deram um banho de ausência e comprometimento, se estendendo aos filhos. Aquilo
que sempre pareceu cômico aos olhos externos (e foi avalista na venda de vários
produtos) era na verdade, pura degradação.
De momentos raros “God Bless Ozzy Osbourne” traz pouco
como uma apresentação parcial no programa Top Of The Pops em 1979, e diverte
como na cena em que ele esculacha seus videoclips dos anos 80 ou Tommy Lee do Mötley
Crüe narra uma odisséia em um quarto de hotel. Mas, se situa acima disso. É um
retrato de um sobrevivente de uma vida extrema que hoje se dá ao despeito de
escrever sobre saúde em um jornal inglês ou soltar frases piegas em entrevistas.
Só os deuses sabem responder como.
Nota: 7,5
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