Em tese, qualquer cidadão pode
optar em convencionar a vida para alguma causa, pensamento ou ideal. Esse
direcionamento pode ser religioso, político, esportivo, cultural, social ou
qualquer outro caminho que ele assim ache válido. Não é incomum que esse direcionamento
sofra forte influência externa, seja da família, do trabalho ou mesmo dos
governantes e do momento histórico que se vive. É mais ou menos aqui que
podemos enquadrar o iraquiano Latif Yahia.
Em “O Dublê do Diabo”, filme do ano passado que ganhou lançamento
nacional direto em DVD recentemente, o tema principal circula sobre a vida
deste soldado que jovem foi “convencido” pelo filho mais velho de Saddam
Hussein em servir como cópia para situações diversas, diminuindo assim o risco de
assassinato nos atentados tão comuns que a família estava sujeita nos vários anos
de ditadura e corrupção do poder a que submeteram o povo a quem deviam
representar.
Com direção de Lee Tamahori (“007
- Um Novo Dia Para Morrer”) e roteiro de Michael Thomas (“Backbeat - Os 5
Rapazes de Liverpool”), o longa é baseado no livro de Latif Yahia que narra
essa triste e sádica jornada. Uday Suddam Hussein o recrutou para servir como
sósia e então ele teve que conviver com os desmandos e desvarios pelos quais o primogênito
era conhecido. De abuso sexual com adolescentes até tortura de atletas que não
tinham bom desempenho. Insanidade total.
No papel do recruta dos jardins
do inferno está o bom Dominic Cooper (“Capitão América - O Primeiro Vingador”)
e no elenco temos também o resgate de Ludivine Sagnier, que um dia já foi extremamente
deslumbrante em “Swimming Pool - À Beira da Piscina” em 2003, mas que agora já
não ostenta o brilho de outrora. No meio da transformação de Latif Yahia em
Uday Hussein existe toda uma evolução entre medo, aceitação, indignação,
desespero e revolta.
Com as prerrogativas descritas
acima, “O Dublê do Diabo” tinha potencial
para ser um tremendo trabalho, porém esbarra em dois fatores que não
ultrapassa. Primeiro, o tom de fantasia em certos casos atribuídos a história
de Latif Yahia e segundo a preocupação constante em mostrar os exageros de Uday
Hussein. Esses elementos, cortam a capacidade de se alcançar alguma grandeza e
mesmo sendo um bom trabalho, não faz jus a história de cassação e extinção de
liberdade a que se propõe.
P.S: O filme se passa entre o final dos anos 80 e metade dos 90 e
tem a guerra do Golfo como pano de fundo.
Nota: 7,0
Assista ao trailer:
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