domingo, 22 de abril de 2012

"Diário de Um Jornalista Bêbado" - 2012


Antes do escritor Hunter S. Thompson virar um personagem da (contra) cultura e ganhar uma considerável horda de fãs e seguidores, assim como uma pequena legião de detratores, existia um jovem tentando se encontrar depois de algumas escolhas erradas e decisões pouco sábias. Esse retrato de uma espécie de busca por uma voz própria foi cunhado ainda nos anos 60 em um pequeno e brilhante livro que só foi chegar a ser publicado anos e anos depois.

Esse livro intitulado “Diário de Um Jornalista Bêbado” (“The Rum Diary”, no original), ganha uma adaptação cinematográfica pelas mãos do diretor Bruce Robinson de “Os Desajustados”, que não satisfeito com isso, também é responsável por elaborar o roteiro. A mini odisséia de um jovem jornalista que se manda para Porto Rico à procura de trabalho e novos horizontes durante os anos 50, enfim chega a grande tela depois de um bom período de promessas.

O livro do qual o filme se utiliza é um primor. Mostra o autor antes do “mito”, antes que o cinismo e desesperança preenchessem boa parte de si, antes do tal do jornalismo gonzo ser batizado (tem mais aqui) e ganhar relevância. Ao mesmo tempo em que é cômico e aventureiro, insere transgressões, incorreções e questionamentos que mais tarde seriam ampliadas e desenvolvidas, porém, acima de tudo versa sobre alguém tentando achar seu lugar no mundo.

O filme, no entanto, não demonstra intensidade em quase nenhum desses lados. Bruce Robinson utiliza o salvo conduto que a palavra “baseado” propõe para fazer um filme superficial e estragar o ótimo time de atores que tem nas mãos. Johnny Deep, fã de carteirinha de Thompson, que já havia protagonizado outra adaptação do autor anteriormente (“Medo e Delírio” em 1998), divide as cenas com bons nomes como Aaron Eckhart e Giovanni Ribisi.

Deep interpreta Paul Kemp, o jornalista que desembarca em um caótico e completamente tendencioso jornal porto-riquenho. Ao lado de desajustados e com fartas doses de álcool inseridas pelo meio, acaba se envolvendo em enrascadas enquanto tenta ganhar algum, e mais importante, tenta sobreviver ao caos em que se meteu (e que parece bem com isso). Nesse caminho precisa lidar com belas mulheres, o descaso pela pobreza e inescrupulosos empresários.

E é utilizando esses dois fatores descritos no final do parágrafo acima, que “Diário de Um Jornalista Bêbado” se encaminha. Se veste mais como um texto de indignação e da briga entre certo e errado, ético e antiético, do que propriamente as roupas de aprendizado que lhe são justas. E no meio da estrada em que percorre sem muita direção aproveita para plastificar risadas, contemporizar o que deveria ser corrosivo e aliviar aquilo que deveria incomodar.

P.S: Das coisas boas do filme está a bonita homenagem a Hunter S. Thompson no final, que quase faz tudo valer a pena.

Nota: 5,5

Textos relacionados:

- Cinema: Documentário “Gonzo:Um Delírio Americano".

Assista ao trailer:


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