Em 1962 o presidente dos Estados
Unidos era John F. Kennedy, o país não tinha entrada de cabeça na
guerra do Vietnã, os direitos civis dos negros parecia uma coisa distante e inalcançável
e Martin Luther King ainda não havia proferido o seu discurso mais famoso e
emblemático.
Em tempos que a concepção musical
era completamente diferente da que vivemos hoje, dois artistas (um de Albany na
Georgia, o outro de White Station no Mississipi) colocavam no mercado obras que
lidavam com pressões e recomeços e que 50 anos depois ainda soam intensas e brilhantes.
“Modern Sounds In Country And Western Music” – Ray Charles
O último disco de Ray Charles
pela Atlantic Records havia sido “The Genius After Hours” lançado em 1961. No
ano seguinte, já de casa nova (ABC-Paramount), “Brother Ray” concebia um dos
seus melhores álbuns. “Modern Sounds In
Country And Western Music” trazia releituras soul e R&B para canções
country e folk de autores como Hank Williams e Don Gibson. Com um arranjo de
cordas bem dosado permeando todo o registro, a escolha se mostrou correta.
Desde o começo com o coro
maravilhoso de “Bye, Bye Love”, hit com os Everly Brothers anos antes, até o
encerramento com uma “Hey, Good Lookin’” de Hank Williams completamente bêbada
de suingue, o músico mostrava uma qualidade excepcional. Sucesso de público e
várias semanas em 1º lugar na parada norte-americana, ainda trazia toques de
jazz em “Half As Much” de Curley Williams, a tradicional “Carelles Love”
apoiada em uma big band e o esplendor sentimental de “I Can´t Stop Loving You”
de Don Gibson.
Nota: 10,0
“Howlin' Wolf”- Howlin' Wolf
Apenas um disco completo de Charles
Arthur Burnett, mais conhecido como Howlin’ Wolf, já tinha nascido antes desse
trabalho de 1962, depois de anos tocando onde tivesse oportunidade. O álbum
homônimo de 1962 (também conhecido posteriormente como “The Rockin’ Chair Álbum”)
era uma reunião de singles já lançados pela Chess Records e gravados de modo
sensacional por nomes como Willie Dixon, Buddy Guy e Freddy Robinson espalhados
pelas faixas.
Willie Dixon, aliás, é o compositor
de 9 das 12 canções, que na voz, guitarra e harmônica de Howlin’ Wolf auferiram
um poder especial como a dramática “The Red Rooster”, o pop invocado de “Howlin'
For My Darlin'”, a clássica "Back Door Man" ou a estupenda “Spoonfool”, entrelaçando bens materiais, amor e
ganância e que até hoje não passa impune para quem ouve pela primeira vez. Frequentemente
citado como influência por artistas de diversos estilos, foi aos 52 anos que deixou seu maior testemunho para o blues e para o mundo.
Nota: 10,0
Assista Ray Charles com “I Can´t
Stop Loving You”:
Assista um vídeo com “Spoonfool”
de “Howlin’ Wolf”:
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