O filme “Fanboys” dirigido por
Kyle Newman e lançado em 2009, logo se tornou cult entre geeks e nerds do mundo
todo. Em uma divertida história, o longa seguia um pequeno grupo de fãs de
“Star Wars” até o Rancho Skywalker na missão de assistir o “Episódio I” da
série (o início da segunda trilogia, que na verdade é a primeira). A maior
parte desse roteiro foi escrita por Ernest Cline, nascido em 1972 na cidade de
Ashland, no estado de Ohio nos Estados Unidos.
Desde então, Ernest Cline abraçou
de vez a paixão por games e cultura pop em geral. O resultado seguinte desse
caso de amor é publicado agora por aqui pela Editora Leya com 464 páginas e
tradução de Carolina Caires Coelho. “Jogador
Nº 1” (Read Player One, no
original) fez um grande sucesso no país de origem do autor e já teve seus
direitos vendidos para uma adaptação cinematográfica sob os cuidados da Warner
Bros., o que é algo admirável em tão pouco tempo.
“Jogador Nº 1” é ambientado nos anos de 2044/2045, onde conforme
rezam as profecias atuais o mundo está submerso a uma crise sem precedentes
envolvendo energia elétrica e escassez de recursos naturais. O desemprego, a
fome e a falta de moradia assolam o planeta e mais especificamente, consomem o
país que era um consumidor voraz desses recursos. Dentro desse cenário, a maioria
das pessoas só consegue ter um pouco de felicidade quando estão dentro de um
imenso universo virtual.
Esse espaço virtual é chamado
OASIS é foi construído por um gênio da tecnologia de nome James Halliday.
Tímido e bastante recluso durante toda a vida, ele criou uma empresa
extremamente lucrativa e ficou bilionário através dessa ferramenta de imersão
social. Ao morrer deixou para trás como uma espécie de jogo, um testamento que
servia para transferir ao ganhador todo o seu patrimônio, assim como a
administração do OASIS. A população enlouqueceu nessa busca.
É nesse palco histórico que Wade
Watts, mais conhecido como Parzival, vive. E junto com milhares de outros procura
encontrar o prêmio que irá mudar a vida. Quando depois de 5 anos ele é o
primeiro a ter o nome registrado no placar de pontos do jogo, a vida se
transmuta automaticamente em outra. Essas mudanças são narradas por ele, com a
intenção de contar a “real história” por trás de tudo e regride ao início para
se estender por toda a jornada perigosa e aventureira que ele experimentou.
O grande chamariz de “Jogador Nº 1” não é o cenário geral,
afinal de contas percebem-se diversas semelhanças com outras obras, mas sim os
meios que são necessários para alcançar o fim. Para perseverar e se dar bem na
busca desenvolvida por James Halliday, é preciso ser um expert nos gostos dele
que se situam basicamente nos anos 80, em seus livros, seriados de tevê, jogos
de computador, filmes, discos e todas as referências possíveis dentro de um
cenário amplo de cultura pop.
Parzival se junta a outros
companheiros (Aech, Art3mis, Daito e Shoto) e percorre um inigualável caminho
que é permeado por coisas como o seriado “Caras & Caretas” até o disco
“2112” dos canadenses do Rush, invadindo os filmes de John Hughes, o clássico
Pac-Man e seriados japoneses. Na contramão disso, o autor acusa indiretamente o
mergulho da humanidade em ilusões computadorizadas, renegando a vida real para
um ambiente onde se esteja o menor tempo possível.
Ernest Cline surpreende com “Jogador Nº 1” e entrega ao leitor uma
aventura dinâmica, interessante e nostálgica, bem mais do que se prometia no início.
Sua leitura agrada não somente ao grupo de geeks e nerds dos quais
orgulhosamente faz parte, como também a toda uma geração que viveu os anos 80 e
vê essa época esmiuçada nas páginas. É como um baile de formatura antigo, porém
vestido com roupas novas e muita tecnologia, que diverte e deixa um agradável
odor de naftalina no ar.
Nota: 7,0
Site do autor: http://www.ernestcline.com
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