sábado, 31 de março de 2012

"Habemus Papam" - 2011


É de se imaginar que o sumo pontífice do catolicismo seja um homem experiente, sem medos ou dúvidas e focado na condução da igreja sob o seu comando. É de se esperar também que ele saiba superar os desafios que a modernidade apresenta a uma instituição tão antiga e coordene esta perante os obstáculos com que lida diariamente. O papa ainda terá que ter o dom da palavra, conquistando novos adeptos e aplacando a ira dos descontentes. Porém, para Nanni Moretti, as coisas não são bem assim.

O diretor italiano de filmes como “Caro Diário” de 1993 e “O Quarto do Filho” de 2001, apresenta em “Habemus Papam” um raciocínio interessante. Ambienta esse novo trabalho no Vaticano logo após o falecimento de um papa e dentro do processo de conclave que elegerá o próximo regente. Nesse conclave estão reunidos cardeais de todo o mundo que durante os dias seguintes terão a responsabilidade de decidir sobre quais ombros cairá o peso e a honra de comandar a igreja católica no futuro.

Nanni Moretti dá uma revertida nessa história. O sucessor que o conclave escolhe aparece com ataques de pânico e incertezas sobre a própria capacidade. O Cardeal Melville (o experiente Michel Piccoli) é quem recebe o privilégio, mas parece surpreso e frágil para assumir o posto. O filme penetra diretamente na condição humana e em cima dela mostra que independente da posição que a pessoa esteja ocupando está suscetível a receios sobre o trabalho e na extensão direta disso, sobre a vida.

Para ajudar o papa a se sentir mais seguro e convicto das suas aptidões entra em cena o porta-voz do Vaticano (Jerzy Stuhr) e um psicanalista ateu interpretado pelo próprio Moretti. No desespero que estaciona em torno dos envolvidos, “Habemus Papam” caminha habilmente em tom de comédia por assuntos espinhosos como a real dimensão da Igreja Católica no mundo atual, assim como pelo verdadeiro show de fofocas e exibição que está inserido na disseminação da fé.

Quando o papa eleito escapa da Basílica de São Pedro na procura por paz e de forças para compreender pelo que está passando, começa a perceber que na verdade não entende quase nada sobre o mundo exterior. Nessa perigosa estrada que podia facilmente se converter em um opaco discurso, Nanni Moretti se mantém firme em apenas apresentar as questões e não tentar levianamente respondê-las e assim realiza um bom trabalho, onde a fragilidade humana não distingue posição, cor ou vestimentas.

Nota: 7,0

Assista ao trailer: 



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