sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"J. Edgar" - 2012


John Edgar Hoover foi uma das principais personalidades dos EUA no século passado. Indiscutivelmente. No comando do FBI (Federal Bureau of Investigation) fez fama, jogou perigosamente com seus demônios pessoais, espalhou medo e acumulou desafetos. Ao falecer em 2 de maio de 1972, deixou para trás uma organização estruturada e moderna para os padrões da época, como também um caminho permeado por chantagens e desvios costumeiros da lei.

Clint Eastwood tinha então em suas mãos um personagem repleto de nuances e facetas para retratar em um filme. Em “J. Edgar” lançado lá fora no ano passado e estreando aqui agora, o experiente e habilidoso diretor tenta priorizar mais o lado humano do que os famosos e abundantes conflitos pessoais comandados sobre a mão de ferro do FBI. No entanto, acaba não conseguindo o objetivo desejado tanto pela pouca intensidade, quanto pelas opacas atuações.

Leonardo DiCaprio foi escolhido para interpretar o papel principal e dá uma reduzida na progressão de qualidade que demonstrou nos últimos trabalhos, mesmo se aproximando um pouco da sua atuação como “Howard Hughes” em “O Aviador” de 2004. Nos demais papeis apresentam-se trabalhos igualmente medianos como Naomi Watts como a secretária pessoal Helen Gandy, Armie Hammer como o amigo de trabalho (e de outras coisas mais) Clyde Tolson e até mesmo a quase sempre ótima Judi Dench como a mãe protetora e confidente Anna Marie Hoover.

Porém, apesar dessa carga moderada, o longa serve para demonstrar a personalidade controladora, paranóica e solitária que perseguiu estrangeiros, artistas e negros, em prol de uma visão contorcida do bem estar da população norte-americana. Aquela velha história dos fins justificarem os meios. Além de mostrar parcialmente as brigas internas para controlar as emoções em relação a Clyde Tolson que transitavam entre o amor (existente e) não declarado e a amizade. 

“J. Edgar” tem seus méritos na competente parte técnica e na recriação da época (exceção feita ao péssimo trabalho de maquiagem), mas esbarra em uma direção pouco inspirada de Clint Eastwood e um roteiro escasso de brilhantismo de Dustin Lance Black de “Milk – A Voz da Igualdade”, como também é escassa a atuação dos atores envolvidos. Para um cara que deixou uma marca tão forte nos EUA e atravessou 8 presidentes, esperava-se que o resultado alcançado fosse bem melhor.

Nota: 6,5 

Assista ao trailer:



Nenhum comentário: