sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

"Horizonte Vertical" - Lô Borges - 2011


Em uma canção do excelente disco “Bhanda” de 2006, Lô Borges entre breves considerações sobre calma e pressa cantava: “nosso passado certamente não detém o tempo que já vem/e vou amando pela vida/minha receita sempre natural”. Versos certeiros desse mineiro nascido em 1952 que sempre administrou a vida de maneira espontânea e com um carinho imenso pela música.

“Horizonte Vertical” lançado no ano passado com apoio do projeto Natura Musical e distribuição pela Sony Music, é mais um álbum inerente a opção que o músico fez a partir de “Um Dia e Meio” de 2003 em elaborar mais trabalhos com inéditas. Essa opção se consolidou como um grande acerto e resultou também no já citado “Bhanda” de 2006 e em “Harmonia” de 2009.

Com ajuda dos companheiros de banda Barral e Robinson Matos também na produção, Lô Borges faz com dedicação aquilo que sabe tão bem. Monta melodias como se fosse um quebra cabeça minucioso na união com letras e instrumentos. Mais do que os anteriores, “Horizonte Vertical” é um disco claro, de bem com a vida e com versos que buscam tranquilidade e tratam sobre o amor em geral.

São 12 faixas onde se faz presente a parceria constante com Márcio Borges e Ronaldo Bastos, assim como Samuel Rosa e Nando Reis na música que intitula o registro. A novidade fica por conta da esposa Patricia Maês, que colabora em cinco canções. Além das parcerias anotadas nas letras, Samuel Rosa, Fernanda Takai e Milton Nascimento abrilhantam estas em elegantes duelos vocais.

Das participações, Fernanda Takai é a que brilha mais. Começa em inglês com “On Venus” com trechos como “on the road, a rolling stone/ i won’t look back for Dylan” e passa por “Antes do Sol”, uma belíssima canção sobre otimismo que começou a ser composta ainda em meados dos anos 80. Depois desembarca na ensolarada e amorosa “Xananã”, para ainda chegar na beatle “Quem Me Chama”.

Em “Nenhum Segredo” é a vez de Samuel Rosa aparecer bem em um rock sessentista onde mostra a exata dimensão que a obra de Lô Borges tem na carreira do Skank. Já Milton Nascimento está na afirmação de postura de “Da Nossa Criação” (“no rastro dos pedaços dos nossos passos/na imensidão onde se encontra a chama/que não se apaga da nossa criação”), assim como na brincadeira de “Mantra Bituca”.

Fora as sociedades (que também se estendem a fantasia da canção que dá nome ao disco), Lô Borges resplandece sozinho na paixão arrebatadora de “De Mais Ninguém”, na balada conduzida com piano e teclados de “O Seu Olhar”, na viagem do tempo de “Você e Eu” e no pequeno rock inglês de “Canção Mais Além”, que com a participação de um coro de crianças extrapola a descrição de comovente.

“Horizonte Vertical” é dedicado ao filho Luca e a geração dele (ele tem 13 anos). É um trabalho que além de encher o rebento de orgulho, consegue uma proeza rara nos tempos de hoje, que é emocionar o ouvinte no decorrer de algumas canções. E pode ser equiparado a discos clássicos do músico como “Lô Borges” de 1972 e “A Via Láctea” de 1979, o que não é nada mal para um senhor de 60 anos.

Nota: 9,0

Site oficial: http://www.loborges.com

Assista a um vídeo sobre o disco:



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