sábado, 21 de janeiro de 2012

"As Aventuras de Tintim" - 2012


Em um determinado momento de “As Aventuras de Tintim”, que estreia somente agora nos cinemas nacionais, o personagem principal (Jamie Bell de “Billy Elliot”) está cabisbaixo e parece querer desistir. É quando o capitão Haddock (Andy Serkis de “O Senhor Dos Anéis”) chega com um discurso atrapalhado, mas não menos envolvente, instruindo o jovem repórter a seguir em frente e até atravessar muros e paredes se for preciso, o que serve de combustível suficiente para que isso realmente ocorra.

Essa passagem resume bem o típico herói que o diretor Steven Spielberg tanto gosta de apresentar. O herói que mesmo apesar das adversidades e do tempo correndo contra ele, arruma uma maneira de seguir em frente, sempre obstinado a conseguir seu objetivo. Longe da direção desde o apenas razoável “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” de 2008, Spielberg retorna com uma animação concebida em cima da criação de 1929 do belga Georges Prosper Remi, mais conhecido como Hergé.

O primeiro dos três filmes propostos por Spielberg e Peter Jackson (que é produtor do primeiro e dirigirá o segundo) é diretamente baseado em dois álbuns de Tintim: “O Segredo do Licorne” de 1943 e “O Tesouro de Rackham, o Terrível” de 1944. Assim, encontra Tintim envolvido em uma trama repleta de segredos e mistérios, abrangendo um tesouro escondido em três miniaturas de navios originários de ancestrais do Capitão Haddock e perseguido pelo vilão Sakharine (o 007 Daniel Craig).

Tintim nessa nova encarnação é uma mistura eficiente das invencionices de MacGyver (para quem não sabe quem é, passe aqui), do raciocínio rápido de Sherlock Holmes e da agilidade e treinamento de algum agente secreto. Seu inseparável fox terrier Milu aparece como nos quadrinhos salvando a pele do dono vez ou outra, assim como apreciando um uísque. Figuras clássicas como os atrapalhados detetives gêmeos Dupond e Dupont também fazem parte do trabalho, e claro, criam confusão atrás de confusão.

Na caminhada atrás de resolver o mistério do tesouro do Licorne, Tintim se depara com as mais incríveis aventuras que passam por céu, terra e mar. Steven Spielberg parece ter redescoberto a sua habilidade de construir cenas em ritmos acelerados e com charme e gosto bem peculiares de outros tempos. O roteiro de Steven Moffat (da série “Sherlock”), Edgar Wright (“Scott Pilgrim Contra o Mundo”) e Joe Comish (“Ataque Ao Prédio”), mesmo não sendo assim um primor, colabora bem para o desenvolvimento.

“As Aventuras de Tintim” é mais um bonito exemplo do que a tecnologia de captura de movimentos pode proporcionar ao cinema, como Robert Zemeckis já havia demonstrado em “O Expresso Polar” de 2004 e “Os Fantasmas de Scrooge” de 2009 e merece ser melhor explorada. Mesmo com algumas situações maçantes (como a passagem no deserto), Steven Spielberg atinge o alvo e promove uma aventura com boas recordações das suas mais inspiradas produções e agrada tanto jovens quanto adultos mais castigados.   

Nota: 7,5

Assista ao trailer: 


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