terça-feira, 29 de novembro de 2011

"O Guarda" - 2011


Três jovens estão de carro em uma velocidade considerável com som alto e emborcando uma garrafa de álcool. Ziguezagueando pela estrada passam pelo ponto de vigília de um policial que ao vê-los faz uma careta meio sem sentido. Depois de um tempo ele segue os jovens e depara com o carro arrebentado e os corpos espalhados pelo chão. Faz uma pequena expressão de reprovação e revista os bolsos até encontrar pílulas de ectasy, que coloca uma na boca e joga fora o restante.

A cena de abertura de “O Guarda (The Guard)” diz bastante sobre o trabalho que vamos encontrar mais a frente. Brendan Glesson (o professor Alastor Moody da franquia Harry Potter) vive o Sargento Gerry Boyle, que na pequena Galway no interior da Irlanda exibe pensamentos poucos convencionais e nem um pouco agradáveis ou corretos. Na sua pequena rotina de pequenos casos, bebidas e prostitutas nada parece mudar, até que uma operação internacional resolve aparecer.

Essa operação de drogas surge em meio a um assassinato, coisa rara para o cotidiano de Galway. Esse assassinato rende uma das sequencias mais engraçadas do filme, quando o sargento junto com um novo policial se dispõe a decifrar os possíveis “símbolos ocultos” do crime. Para dar uma pressão maior, um agente do FBI interpretado por Don Cheadle (de “Hotel Ruanda”) aparece com seus procedimentos profissionais e destoantes da maioria do corpo de segurança da cidade.

“O Guarda” traz nos coadjuvantes nomes experientes como Mark Strong, Liam Cunningham e David Wilmot, que colaboram para que o núcleo das piadas e sacadas não fique restrito somente ao personagem de Glesson. O filme também ostenta uma leve dualidade nessa figura em particular, pois faz contrastar todo humor negro e impaciência com uma relação de amor com a mãe e meio de pai com um moleque que vive no seu caminho e o ajuda a encontrar armas para o grupo terrorista IRA.

Dirigido e escrito por John Michael McDonagh (roteirista do razoável “Ned Kelly”), o longa se segura na figura desse policial de meia idade com ideias pouco sociais para com irlandeses de Dublin, ingleses e americanos, além de temas como racismo e drogas. Com diálogos eficientes e perspicazes e forte teor de acidez e humor britânico, “O Guarda” se mostra um trabalho bem construído, inteligente e eficaz, bem longe do habitual lugar comum em que hoje reside a grande maioria das produções.

Assista ao trailer: 



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