Três jovens estão de carro em uma
velocidade considerável com som alto e emborcando uma garrafa de álcool.
Ziguezagueando pela estrada passam pelo ponto de vigília de um policial que ao
vê-los faz uma careta meio sem sentido. Depois de um tempo ele segue os jovens
e depara com o carro arrebentado e os corpos espalhados pelo chão. Faz uma
pequena expressão de reprovação e revista os bolsos até encontrar pílulas de
ectasy, que coloca uma na boca e joga fora o restante.
A cena de abertura de “O Guarda
(The Guard)” diz bastante sobre o trabalho que vamos encontrar mais a frente.
Brendan Glesson (o professor Alastor Moody da franquia Harry Potter) vive o
Sargento Gerry Boyle, que na pequena Galway no interior da Irlanda exibe pensamentos
poucos convencionais e nem um pouco agradáveis ou corretos. Na sua pequena
rotina de pequenos casos, bebidas e prostitutas nada parece mudar, até que uma
operação internacional resolve aparecer.
Essa operação de drogas surge em meio a um assassinato, coisa rara para
o cotidiano de Galway. Esse assassinato rende uma das sequencias mais
engraçadas do filme, quando o sargento junto com um novo policial se dispõe a
decifrar os possíveis “símbolos ocultos” do crime. Para dar uma pressão maior,
um agente do FBI interpretado por Don Cheadle (de “Hotel Ruanda”) aparece com
seus procedimentos profissionais e destoantes da maioria do corpo de segurança
da cidade.
“O Guarda” traz nos coadjuvantes nomes experientes como Mark Strong,
Liam Cunningham e David Wilmot, que colaboram para que o núcleo das piadas e
sacadas não fique restrito somente ao personagem de Glesson. O filme também
ostenta uma leve dualidade nessa figura em particular, pois faz contrastar todo
humor negro e impaciência com uma relação de amor com a mãe e meio de pai com
um moleque que vive no seu caminho e o ajuda a encontrar armas para o grupo
terrorista IRA.
Dirigido e escrito por John
Michael McDonagh (roteirista do razoável “Ned Kelly”), o longa se segura na figura desse policial de meia
idade com ideias pouco sociais para com irlandeses de Dublin, ingleses e
americanos, além de temas como racismo e drogas. Com diálogos eficientes e perspicazes
e forte teor de acidez e humor britânico, “O Guarda” se mostra um trabalho bem construído,
inteligente e eficaz, bem longe do habitual lugar comum em que hoje reside a
grande maioria das produções.
Assista ao trailer:
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