Dentro do universo de histórias
que o rock produziu desde que deu os primeiros passos, uma das mais intrigantes
são os músicos que faleceram aos 27 anos. A lista é extensa e conta com nomes
representativos como Jim Morrison, Jimi Hendrix, Brian Jones, Janis Joplin e
Kurt Cobain. Essa estranha marca sempre gerou especulações e teorias da
conspiração. Foi partindo disso que o alemão Kim Frank saiu para escrever seu
primeiro romance em 2009.
Esse primeiro livro não
gratuitamente se chama “27” e ganhou lançamento esse ano no seu país de origem,
sendo amparado em solo nacional pelo selo Tordesilhas da Alaúde Editorial Ltda.
Com 216 páginas e tradução de Eduardo Simões, trata de um jovem chamado Mika
que tem o número chave da trama sempre lhe perseguindo, o que o leva a crer que
irá falecer com esse número de primaveras vistas. Quando tem contato com o
rock, isso se agrava mais.
“27” é um livro que pode até ter sido
forjado de boa vontade e real crença na história, afinal de contas, Kim Frank
foi vocalista e líder de uma banda de rock com relativo sucesso local na
Alemanha (Echt) e se mostra um fã do estilo. No entanto, soa quase que
exclusivamente como oportunismo barato, o que não seria um problema se a
história fosse boa e bem escrita, mas isso não chega perto de acontecer. “27” é
um imenso desperdício de tempo em meio a variados clichês.
O garoto que gosta de poesia e de
repente se vê a frente de um grupo de sucesso na Europa (o que, diga-se de
passagem, não aconteceu com o Echt), passando por todo o processo tradicional
de deslumbre, álcool, mulheres, drogas, arrependimento e queda, não empolga e
já foi melhor retratado antes pelo menos uma centena de vezes. O cuidado com a
revisão é fraco e as referências que o autor usa não podem ser mais claras e
amplamente conhecidas.
A única maneira que dá para
imaginar “27” funcionando é em algum jovem (bem jovem mesmo) alheio ao mundo do
rock e que veja nisso um motivo para ouvir essas música. No mais, o livro é
insosso, lento, mal construído e sem charme algum. Mesmo com um elemento
poderoso como condutor (o medo), Kim Frank não consegue fazer sua prosa soar
coesa e agradável, o que nos leva a crer que a carreira de escritor vai tomar o
mesmo caminho da sua antiga banda.
Site oficial: http://27-kimfrank.de
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