sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Submarino" - Joe Dunthorne


Oliver Tate é um adolescente que se for analisado de uma maneira geral pode ser enquadrado como qualquer outro. Prestes a completar 15 anos tenta entender o mundo, sofre com a relação um pouco complicada dos pais, procura se sobressair na escola que estuda, possui alguns amigos e se preocupa em perder a virgindade com a máxima urgência. No entanto, essa aparência inicial se desfaz assim que caminhamos alguns poucos passos para dentro da sua vida.

O jovem na verdade é estranho (ou diferente do comum), obcecado e cheio de excentricidades próprias, o que leva a mãe pesquisar na internet por expressões como “adolescente com síndrome delirante” ou “problema de imaginação hiperativa”. Essa inadequação social, o leva com uma lógica bastante plausível, a argumentar contra as normas e regras do cotidiano, o que gera situações constrangedoras, engraçadas e extremamente bizarras em alguns momentos.

É esse pequeno desajustado que protagoniza “Submarino”, livro do galês Joe Dunthorne que ganhou edição nacional ano passado pela Editora Record, com 400 páginas e tradução de Vera Ribeiro. O autor nasceu em 1982 e originalmente publicou seu primeiro trabalho em 2008 no Reino Unido. Com boas críticas, já conseguiu até uma adaptação cinematográfica, com direção de Richard Ayoade, produção de Ben Stiller e trilha sonora de Alex Turner do Arctic Monkeys.

“Submarino” é um conjunto de ideias que ao se espalhar pelo universo do politicamente incorreto, produz uma leitura instigante e repleta de energia. O jovem Oliver Tate geralmente abusa do dom de ser meio louco e conduz situações que terminam sempre com uma das partes arrebentada. A maneira que seu cérebro processa as coisas, não conduz em nada com aquilo que a sociedade em geral ambiciona a seguir nos seus conservadores modelos concebidos.

Através do seu protagonista, Joe Dunthorne expõe não somente a incompatibilidade social, como também os dramas de um jovem que busca dentro da sua lógica incomum fazer parte de um contexto maior e conseguir a dedicação e carinho que entende que necessita para seguir. A preocupação dele com palavras não usuais como triscedecofobia, epistolário ou eutenia (que dá nome aos capítulos), justifica justamente essa busca forjada pela estrada do entendimento.

Mas “Submarino” versa também sobre a dor e o prazer que cada escolha, por menor que se apresente, produz sobre cada indivíduo independente da sua idade, posição social ou o que quer que seja. A vida de Oliver Tate na beira de uma cidade costeira do País de Gales na segunda metade dos anos 90, consegue elaborar questionamentos implícitos sobre grandes questões, ao mesmo tempo que de modo inteligente cutuca, incomoda, diverte, surpreende e fascina.

Nenhum comentário: