Oliver Tate é um adolescente que se
for analisado de uma maneira geral pode ser enquadrado como qualquer outro.
Prestes a completar 15 anos tenta entender o mundo, sofre com a relação um
pouco complicada dos pais, procura se sobressair na escola que estuda, possui
alguns amigos e se preocupa em perder a virgindade com a máxima urgência. No
entanto, essa aparência inicial se desfaz assim que caminhamos alguns poucos
passos para dentro da sua vida.
O jovem na verdade é estranho (ou
diferente do comum), obcecado e cheio de excentricidades próprias, o que leva a
mãe pesquisar na internet por expressões como “adolescente com síndrome
delirante” ou “problema de imaginação hiperativa”. Essa inadequação social, o
leva com uma lógica bastante plausível, a argumentar contra as normas e regras
do cotidiano, o que gera situações constrangedoras, engraçadas e extremamente
bizarras em alguns momentos.
É esse pequeno desajustado que
protagoniza “Submarino”, livro do galês Joe Dunthorne que ganhou edição
nacional ano passado pela Editora Record, com 400 páginas e tradução de Vera
Ribeiro. O autor nasceu em 1982 e originalmente publicou seu primeiro trabalho
em 2008 no Reino Unido. Com boas críticas, já conseguiu até uma adaptação
cinematográfica, com direção de Richard Ayoade, produção de Ben Stiller e
trilha sonora de Alex Turner do Arctic Monkeys.
“Submarino” é um conjunto de ideias
que ao se espalhar pelo universo do politicamente incorreto, produz uma leitura
instigante e repleta de energia. O jovem Oliver Tate geralmente abusa do dom de
ser meio louco e conduz situações que terminam sempre com uma das partes
arrebentada. A maneira que seu cérebro processa as coisas, não conduz em nada
com aquilo que a sociedade em geral ambiciona a seguir nos seus conservadores
modelos concebidos.
Através do seu protagonista, Joe
Dunthorne expõe não somente a incompatibilidade social, como também os dramas
de um jovem que busca dentro da sua lógica incomum fazer parte de um contexto
maior e conseguir a dedicação e carinho que entende que necessita para seguir. A
preocupação dele com palavras não usuais como triscedecofobia, epistolário ou
eutenia (que dá nome aos capítulos), justifica justamente essa busca forjada pela
estrada do entendimento.
Mas “Submarino” versa também
sobre a dor e o prazer que cada escolha, por menor que se apresente, produz
sobre cada indivíduo independente da sua idade, posição social ou o que quer
que seja. A vida de Oliver Tate na beira de uma cidade costeira do País de
Gales na segunda metade dos anos 90, consegue elaborar questionamentos implícitos
sobre grandes questões, ao mesmo tempo que de modo inteligente cutuca,
incomoda, diverte, surpreende e fascina.
Site do autor: http://www.joedunthorne.com
Twitter: http://twitter.com/joedunthorne
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