segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Mirror Traffic" - Stephen Malkmus And The Jicks - 2011


Stephen Malkmus é uma espécie de herói indie. Dentro daquilo que se convencionou a estipular como o universo habitado por essa, digamos assim, comunidade dos fãs de música, esse californiano de 45 anos é um dos nomes mais importantes. Tudo por conta do Pavement, banda que com ele a frente lançou discos poderosos no decorrer dos anos 90, o que serviu tanto para redefinir um pouco da estética de ser alternativo, quanto reforçar paradigmas já existentes.

Depois de anunciar seu término em 2000, o Pavement retornou para uma turnê mundial com um status de grande banda que nunca teve na época em que vivia no mercado alternativo. Com shows estupendos na grande maioria das vezes (inclusive no Brasil), a trupe aproveitou para fazer uma grana e também lançar uma coletânea. A expectativa então era de que um novo álbum pudesse ser concebido, mas para infelicidade dos seus seguidores, isso não ocorreu.

O que realmente aconteceu foi que Stephen Malkmus reuniu novamente o The Jicks, grupo de apoio que lhe acompanha desde a estreia solo, para gravar um novo disco. Mike Clark na guitarra e teclados, Joanna Bolme no baixo e Janet Weiss na bateria (que depois saiu para a entrada de Jake Morris) são os parceiros que fizeram “Mirror Traffic” existir. A banda, mais uma vez não se aventura muito sozinha e segue somente a musicalidade proposta pelo líder.

“Mirror Traffic” é sem sombra de dúvida o disco mais acessível da carreira solo de Stephen Malkmus. A produção de Beck contribui (até meio paradoxalmente) para uma carga menor de experimentações e viagens sonoras, tais quais foram ouvidas em “Real Emotional Trash” de 2008. Ainda existem canções acima de 5 minutos (“Brain Gallop”, “Share The Red” e “Gorgeous Georgie”), no entanto, o maior percentual é de canções curtas e com um apelo pop acentuado.

O álbum começa com “Tigers”, que já entra pelo meio e traz o vocal repleto dos habituais falsetes e trejeitos para passar por momentos até então desconhecidos da faceta do músico, como em “No One Is (As I Are Be)”, construída no violão com direito a metais e lembrando um indie pop (quase) dócil. O lado ácido também se faz presente. Em “Senator”, temos uma homenagem ao democrata Anthony Weiner que se envolveu em um escândalo com fotos, twitter e universitárias nos USA.

No decorrer das 15 canções de “Mirror Traffic” percebe-se que a inquietude e o complexo de Peter Pan de Malkmus diminuiu. Não que as maluquices tenham ido embora (confira “Jumblegloss e “Spazz”, por exemplo), mas são mais administráveis. Mesmo que tardiamente e para desespero de muitos dos antigos fãs, ele finalmente cresceu e o resultado disso é um trabalho que se não ajudará em nada para aumentar a aura de herói, é extremamente prazeroso de ser ouvido.


Assista ao clipe de “Senator” (com Jack Black):

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