A cineasta francesa Claire Denis
(“35 Doses de Rum”) passou boa parte da infância na África. Cresceu em um
continente que apesar do desejo de buscar a paz, vive se encontrando em meio a
guerras civis e desmandos dos seus governantes. É nessa sofrida região do mundo
que ela residiu seu último longa, “Minha Terra, África” (“White Material”, no
original), e baseada em uma novela de Doris Lessing consegue novamente criar um
inspirado trabalho.
Temas recorrentes na obra de Claire Denis aparecem novamente na película, como o silêncio e a solidão. A personagem principal é Maria Vial, interpretada com uma força assustadora por Isabelle Huppert (de “A Professora de Piano” de 2001). Maria gerencia um cafezal em um país sem denominação na África, para a qual foi levada pelo sogro e o ex-marido que ainda vivem lá. Quando o governo começa mais uma briga com os rebeldes, as coisas ficam bem complicadas.
Maria não quer de maneira alguma deixar a plantação para trás, por mais que os indícios sejam fortes e claros. O exército francês lhe avisa que o cenário vai ficar ruim, os trabalhadores fogem com medo de morrer, o ex-marido parte para vender a terra e nada disso parece perturbar as convicções dela. Em um misto de arrogância e prepotência, Maria Vial acha que a confusão não vai dar em nada, afinal de contas conhece muito bem o país do qual fez morada.
E é nessa questão que mora um dos pontos altos do trabalho. Na personagem da gerente do cafezal, Claire Denis mostra toda a soberba que é própria de países mais desenvolvidos quando adentram as regiões africanas (e outras iguais), julgando que sabem tudo e principalmente acreditando que tem o poder para mudar as coisas. A contramão disso é que a própria Maria vê o único sentido que ainda possui na vida se esgueirar pelas mãos, ir embora sem dar novas opções.
Os caminhos que o filme desenvolve exploram o desespero, a maldade e a insensatez de modo particular e poderoso. A câmera nervosa de Claire Denis insere uma dramaticidade maior ainda aos fatos e nos apresenta a vidas opacas e vazias que se amarram em ganância, mesquinharia e medos próprios. “Minha Terra, África” pode ser entendido tanto como uma obra geral e política, quanto mais pessoal e intimista, funcionando muito bem de qualquer maneira que se veja.
P.S: Disponível em DVD.
Sobre o filme “35 Doses de Rum”, passe aqui.
Assista o trailer:
Temas recorrentes na obra de Claire Denis aparecem novamente na película, como o silêncio e a solidão. A personagem principal é Maria Vial, interpretada com uma força assustadora por Isabelle Huppert (de “A Professora de Piano” de 2001). Maria gerencia um cafezal em um país sem denominação na África, para a qual foi levada pelo sogro e o ex-marido que ainda vivem lá. Quando o governo começa mais uma briga com os rebeldes, as coisas ficam bem complicadas.
Maria não quer de maneira alguma deixar a plantação para trás, por mais que os indícios sejam fortes e claros. O exército francês lhe avisa que o cenário vai ficar ruim, os trabalhadores fogem com medo de morrer, o ex-marido parte para vender a terra e nada disso parece perturbar as convicções dela. Em um misto de arrogância e prepotência, Maria Vial acha que a confusão não vai dar em nada, afinal de contas conhece muito bem o país do qual fez morada.
E é nessa questão que mora um dos pontos altos do trabalho. Na personagem da gerente do cafezal, Claire Denis mostra toda a soberba que é própria de países mais desenvolvidos quando adentram as regiões africanas (e outras iguais), julgando que sabem tudo e principalmente acreditando que tem o poder para mudar as coisas. A contramão disso é que a própria Maria vê o único sentido que ainda possui na vida se esgueirar pelas mãos, ir embora sem dar novas opções.
Os caminhos que o filme desenvolve exploram o desespero, a maldade e a insensatez de modo particular e poderoso. A câmera nervosa de Claire Denis insere uma dramaticidade maior ainda aos fatos e nos apresenta a vidas opacas e vazias que se amarram em ganância, mesquinharia e medos próprios. “Minha Terra, África” pode ser entendido tanto como uma obra geral e política, quanto mais pessoal e intimista, funcionando muito bem de qualquer maneira que se veja.
P.S: Disponível em DVD.
Sobre o filme “35 Doses de Rum”, passe aqui.
Assista o trailer:
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