Um trem é descarrilhado por conta
da explosão de uma bomba e causa a morte de centenas de pessoas. O terrorista responsável
pela tragédia já avisa que vai criar outra explosão, o que vai provocar a morte
de mais gente. Com um novo projeto chamado “Código Fonte” para ser
implementado, o exército tem a chance de retornar para algum passageiro do trem
oito minutos antes que o acidente ocorra, nem que para isso tenha que expor um
dos seus soldados a uma provação psicológica.
A questão de até onde o poder/governo
pode chegar para salvar vidas, é apenas uma das perguntas que o diretor Duncan
Jones faz em “Contra o Tempo”. Depois de estrear muito bem com “Lunar”, o filho
de David Bowie investe novamente na ficção científica para elaborar o novo
trabalho. Se na estreia tínhamos uma (boa) carta de intenções deixada sobre a
mesa, neste novo filme esta carta ganha um tom mais conciso, virando quase um
contrato, apesar da repetição de algumas normas e valores.
“Contra o Tempo” chegou aos
cinemas brasileiros meses depois dos Estados Unidos e quase comete o erro de aterrisar
próximo a disponibilização do DVD (lá fora já saiu). No filme, o capitão Colter
Stevens (Jake Gyllenhaal de “Entre Irmãos”) acorda em um trem cheio de
desconhecidos com o intuito de procurar o responsável pelo atentado que irá
vitimar a tantos. Sua última lembrança vem do Afeganistão e até ele direcionar
os esforços para resolver o problema, passa por um lento processo.
Guiado externamente por Carol
Goodwin (Vera Farmiga de “Amor Sem Escalas”), ele aos poucos vai descobrindo
qual sua real situação, o que não é nem um pouco agradável, e precisa lidar com
os dois perversos lados do jogo em que está inserido. Na verdade, a resolução
do atentado é apenas a mola que o roteiro de Ben Ripley usa para impulsionar as
perguntas e questionamentos que Duncan Jones provoca. Possíveis banalidades
como “fazer a vida valer a pena”, ganham outros sentidos e contornos.
A relação de Colter e Carol
remete a do astronauta e o robô Gerty explorada em “Lunar”, tratando de temas comuns
como solidão, raiva, dor e desconforto. Essa exploração de vertentes parecidas,
ainda não causa nenhum dano grave ao cinema de Duncan Jones (pelo contrário),
mesmo que “Contra o Tempo” exiba também um grau menor de complexidade e uma
entrega a soluções mais fáceis e de tranquila assimilação. Sendo, por enquanto,
concessões que não estragam o ótimo resultado final.
Sobre “Lunar”, passe aqui.
Assista ao trailer:
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