O Screaming Trees foi uma daquelas bandas adicionadas ao movimento grunge quando o Nirvana explodiu. Mesmo sem ser de Seattle (são de Ellensburg, cidade próxima) e já estar na estrada desde 1985, a banda dos gorduchos irmãos Conner foi assim considerada pela imprensa. Essa surfada na onda do grunge, analisando hoje, trouxe mais prejuízos que benefícios. Mesmo considerando o relativo sucesso que fez com “Sweet Oblivion” de 1992, a banda acabou sendo muito injustiçada.
Com a sua melhor formação, o grupo lançou uma tríade excelente de discos com “Uncle Anesthesia” de 1991, “Sweet Oblivion” de 1992 e o subestimado “Dust” de 1996, um álbum cheio de virtudes, mas que foi esnobado por público e grande parte da crítica. Na bateria tinha Barrett Martin (que tocou muito com o R.E.M depois), na guitarra e baixo os irmãos Conner nutriam as músicas de peso setentista, com harmonias e distorções, e no vocal o sempre (e ainda) excelente Mark Lanegan.
A banda se separou em 2000 depois de se reunir em 1998 e 1999 no estúdio de Stone Gossard (Pearl Jam) para gravar o sucessor de “Dust”. Com a participação luxuosa de Josh Homme (Queens Of The Stone Age), que na época viajava como segundo guitarrista da banda e também de Peter Buck (R.E.M), foram gravadas faixas que apesar de se espalharem pela internet nos anos seguintes, nunca receberam um registro oficial. “Last Words: The Final Recordings” vem acabar com isso.
Barrett Martin é o responsável por colocar essas gravações no mercado e chamou o mago da podreira Jack Endino para remasterizar tudo. São 10 faixas, algumas conhecidas anteriormente pelos fãs e mais umas novidades, que recebem agora uma roupagem digna. Nos primeiros 30 segundos de “Ash Gray Sunday”, já dá para reconhecer o grupo. Quando o vocal de Mark Lanegan entra então, a sonoridade fica mais costumeira ainda. E essa sensação se espalha por todo o restante das músicas.
“Last Words: The Final Recordings” é a merecida despedida que nunca veio. É um disco que não fica feio na discografia e que se fosse lançado na época serviria plenamente como o último suspiro de vida. Tudo que o Screaming Trees tinha de melhor está lá, mesmo que em um nível de excelência bem menor. Da cozinha densa e cheia de influências dos anos 70, até as melodias fortes despejadas para fora com raiva, doçura e sofrimento por Mark Lanegan como em “Black Rose Way” e “Low Life”.
Algumas faixas podem facilmente ser incluídas futuramente em uma lista de melhores, como a balada “Reflections”, com o acréscimo classudo de Peter Buck no violão ou o rock viajandão de “Door Into Summer”. “Last Words: The Final Recordings”, muito provavelmente não terá nenhuma relevância no cenário atual da música , mas representa uma bonita (e tardia) despedida para uma banda com momentos vigorosos na carreira. Indicado para quem gosta de boas canções e nada mais.
Site oficial: http://screamingtrees.net
Ouça “Ash Gray Sunday”:
2 comentários:
Grande resenha. Muito boa. Valeu.
No auge do grunge, decidi arriscar com o disco "Sweet Oblivion", depois de ler uma resenha na Bizz. Nem preciso dizer que se tornou um dos meus discos preferidos de todos os tempos...
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