Andreï Filipov era um grande maestro da conceituada Orquestra do Teatro Bolshoi fundada em 1776 na Rússia. Especialista na obra de Tchaikovsky, teve a carreira abortada por causa da política. Mais de três décadas depois, ele continua trabalhando para o Teatro Bolshoi, mas agora exerce a função de servente. Quando aparece um fax solicitando uma apresentação em Paris, inventa uma maneira de reunir os antigos parceiros de música e embarca como se fosse a verdadeira orquestra.
Em “O Concerto”, o diretor romeno Radu Mihaileanu (de “Trem da Vida”) explora o improvável para construir uma história bem humorada, espirituosa e nobre de coração. Disponível em DVD, o longa parte da premissa bastante absurda contida no final do parágrafo anterior para explorar outras vertentes. Usa de humor político e casual para camuflar uma busca por reencontro e satisfação pessoal, utilizando a música ao mesmo tempo como fio condutor e personagem.
O ex-maestro Filipov (Alexei Guskov) precisa encontrar 55 músicos e um empresário para viabilizar a viagem para França. Em surdina, junta forças com o amigo Dmitri Nazarov (o ótimo “Sasha” Abramovih Grosman) e sai recrutando antigos parceiros da época de ouro. Esse recrutamento rende ótimas passagens e faz uma velada (mas não menos ácida) crítica aos caminhos da Rússia atual, assim como destrona antigas premissas comunistas que o tempo já foi competente em destruir.
Quando a viagem começa a tomar forma, várias pessoas passam a demonstrar outros interesses embutidos que não passam necessariamente pela apresentação em si. O próprio Filipov tem muito mais a contar do que apresenta de ínicio e quando a solista francesa Anne-Marie Jacquet (a bela Mélanie Laurent de “Bastardos Inglórios”) entra na trama, esses segredos se revelam aos poucos. Porém, nessa segunda metade o filme cai um pouco por deixar mais o humor e partir para o drama.
O diretor Radu Mihaileanu fez em “O Concerto” um trabalho que para gostar tem que deixar em descanso o lado mais chato e rabugento de cada um. È lógico que o plano do ex-maestro Andreï Filipov não daria certo na vida real, mas o cinema também é uma casa para se explorar fantasia e onde às vezes tudo é permitido. Tem falhas e defeitos, mas no total o resultado é positivo. O final que traz o concerto que dá nome ao filme sendo executado, respalda isso e singelamente emociona.
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