As Filipinas são um arquipélago composto de mais de 7.000 ilhas localizado na Ásia. Na sua história já passaram a colonização espanhola e a americana, a invasão japonesa na Segunda Guerra Mundial e a ditadura corrupta de Ferdinando Marcos que entre 1965 e 1986 reinou absoluta e infeliz. Crispin Salvador é um renomado romancista filipino, que partiu para os Estados Unidos desiludido com os caminhos do seu país e de seu povo.
É este Crispin Salvador que desencadeia todo o processo de “Ilustrado”, livro de Miguel Syjuco lançado esse ano pela Companhia das Letras, com 438 páginas e tradução de Fernanda Abreu. O autor que foi premiado com o “Man Asia Literary Prize” por conta dessa estreia, é filipino como os personagens que cria e utiliza para passar em linhas gerais todas as fases do país, com atenção mais voltada para as desgraças do terceiro mundo.
“Ilustrado” começa com o corpo do falecido Crispin Salvador encontrado no rio Hudson em Nova York. Isso é o bastante para que Miguel (personagem que carrega o mesmo nome do autor), parta para entender melhor as causas dessa morte. Aluno do romancista na Universidade de Columbia, Miguel vinha escrevendo uma biografia sobre o mesmo e esperara ansioso a publicação de um mítico livro chamado “As Pontes em Chamas”.
Para compor a trama, o autor utiliza de diversas ferramentas que vão desde trechos de livros anteriores de Crispin Salvador até comentários recentes de um blog de Manila, capital das Filipinas. Entre as diversas situações que cria, também cita entrevistas e pequenas passagens da biografia em andamento. Esses detalhes que vão sendo colocados, em um primeiro momento não fazem tanto sentido, até que a parte final comece a amarrá-los.
No seu romance de estreia, Miguel Syjuco consegue duas proezas. Além de criar uma história interessante, também surpreende no final, por mais que este seja apontado vez ou outra pelo caminho. No entanto, “Ilustrado” é um livro que peca bastante no seu ritmo e acaba não envolvendo como poderia. Os seus méritos, que são fáceis de identificar, terminam assim sendo prejudicados por certo preciosismo de estilo e conexões desnecessárias.
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