Quando a velhice chegar deve ser gratificante olhar para trás e perceber que boa parte do que se viveu teve algum sentido. Que você amou a pessoa certa e deixou para trás boas lembranças que pelo menos durarão mais uma geração. Para Barney Panofsky, isso não aconteceu tão bem assim. Aos 65 anos ele passa o tempo entre a sua produtora de programas ruins para a tevê e a perturbação da vida do atual marido da ex-esposa.
“A Minha Versão do Amor” (“Barney’s Version” no original) traz Paul Giamatti no papel de um judeu bem sucedido na vida, mas que deixou pelo caminho algumas tragédias e um razoável número de insatisfação. Adaptado do romance de Mordecai Richler, o filme é dirigido por Richard J. Lewis, um tarimbado diretor televisivo que tem no currículo trabalhos em séries como “C.S.I”, tendo inclusive sido indicado para o Emmy duas vezes.
O filme cobre uns 30 e poucos anos da vida do personagem principal, o que abrange tecnicamente três casamentos, e viaja com ele pela Itália, Canadá e Estados Unidos. Paul Giamatti é o grande destaque do trabalho, completamente confortável no papel que sabe fazer tão bem (a interpretação de Harvey Pekar em “Anti-Herói Americano” corrobora bem isso), aliando um lado ranzinza com ironia, sarcasmo e tristeza.
Do primeiro casamento que acabou de forma trágica até o segundo com uma mulher rica e extremamente chata (interpretada por Minnie Driver), Barney vai somente se esgueirando e crescendo a conta bancária. No dia do segundo casamento, no entanto, ele avista Miriam Grant (uma atuação impecável de Rosamund Pike) e tem aquele insight de que ela será a mulher da sua vida, fazendo de tudo até conseguir conquistá-la.
Com uma vasta gama de situações cômicas encharcadas de quantidades cavalares de desastres e azar, “A Minha Versão do Amor” narra uma história envolvente que não deixa espaço para melodramas baratos ou fórmulas banais. O amor é tratado de maneira forte e devastadora e consegue sobreviver ao se transformar em outras formas de amar. É sobre perseverança, assim como um desajeitado guia de como não se tornar um idiota.
O longa ainda tem Dustin Hoffman em uma atuação carismática como o pai do protagonista e trilha sonora com canções do T. Rex e Nina Simone, além de faixas de Leonard Cohen que em dado momento servem como coadjuvantes para embalar esse olhar do amor. A versão do que é o amor para Barney Panofsky pode até carecer de extrema beleza, mas vem recheada de intensidade e devoção. E a sua versão? O que ela traz? O que ela tem?
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