segunda-feira, 9 de maio de 2011

"Só Garotos" - Patti Smith


A juventude é um momento de dureza, de escolher o futuro enquanto você não sabe muito bem o que quer e aonde pretende chegar. Entre os milhares de sonhos gerados, a esmagadora maioria vai ser descartada pelo caminho, enquanto que com sorte algo que realmente valha a pena será o protetor dos dias que virão. Nessa época ter ao seu lado um amor, um amigo, um cúmplice que lhe ajude a transpor o que se apresenta, é de uma serventia arrebatadora.

Para Patti Smith essa pessoa foi o fotógrafo Robert Mapplethorpe que faleceu em 8 de março de 1989. Nos anos 60 quando saiu da sua cidade natal a caminho de uma nova vida em Nova York, ela encontrou na figura dele um alicerce para se apoiar quando as coisas não fossem do jeito que se queria. Durante os muitos anos de amizade e amor, um salvou o outro inúmeras vezes e se ajudaram tanto na construção das suas personalidades, quanto da arte.

“Só Garotos” lançado no ano passado com 280 páginas pela Companhia das Letras e com tradução de Alexandre Barbosa de Souza é o testemunho de Patti Smith para essa relação. Antes de ser uma biografia de tempos complicados e da configuração de uma pessoa, o livro é um belíssimo concerto para a amizade, para o companheirismo. É fácil se envolver com a história nele contada e se pegar achando graça de momentos surreais e situações embaraçosas.

Na Nova York dos anos 60 e 70, onde milhares de artistas faziam convergir suas ideias em significados distintos e o mundo avançava a passos largos na experimentação musical e descoberta sexual, Patti e Robert se viam no meio daqueles que admiravam e ansiavam andar pelo mesmo mundo. Andy Warhol, Lou Reed, Allen Ginsberg e William Borroughs são alguns dos nomes que se apresentam pelo livro, sendo personagens vivos dessa pequena saga.

Uma das coisas que mais impressiona em “Só Garotos” é observar o mundo em que ele se passa, um mundo que hoje carrega tanta diferença no quesito arte. De todo a gratuidade e efemeridade dos nossos dias, olhar para trás é para pensar pelo menos um pouco diferente em relação a tudo. Em “Só Garotos” Patti Smith conta um pouco da sua história e de Robert Mapplethorpe e presenteia o leitor com um livro emocionante e belamente conduzido.

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