O cara sai rosnando de casa, encara o trânsito com mau humor e continua rosnando com a cara feia no trabalho. Quando chega de volta se joga na cama e chora como um cachorrinho enquanto garrafas de álcool estão espalhadas pelo chão. Esse é o teor de uma das 115 tiras que compõem “Ordinário” do paulista Rafael Sica, lançado ano passado pela Companhia das Letras no seu selo “Quadrinhos na Cia.”.
As tiras que foram feitas entre 2007 e 2010 são todas em preto e branco e não trazem nenhuma palavra ou conversa. O rabisco grosso e meio feroz de Rafael Sica trata basicamente sobre a solidão humana e a incomunicabilidade dos dias atuais. Em um mundo com cada vez mais pessoas, essa solidão se expande em diversas esquinas de uma cidade grande com extrema volúpia e vontade.
Os personagens que habitam “Ordinário” estão quase sempre se escondendo ou passando pela vida sem serem notados por ninguém. A crítica ao comportamento da sociedade atual também marca presença, como por exemplo, quando são retratados vários brinquedos vazios de um parque para fechar em um shopping extremamente lotado. Cigarros e tecnologia diária são passageiros constantes nessa viagem.
As figuras que transitam no universo de Rafael Sica trazem aquele ar cansado no rosto de uma vida guiada pelo piloto automático, sem graça e vivida escondida pelos cantos. Constantemente querem se livrar dessa vida, ou infligem males a si próprios, como quando um homem sai borrifando um spray (inseticida?) na cara de todo mundo para acabar borrifando nele mesmo sentado sozinho no quarto.
O caminho por qual “Ordinário” se conduz é uma constante nos dias de hoje. Em muitas tiras, por exemplo, a interpretação desse universo fica para os próprios leitores. Enquanto a facilidade da comunicação se espalha a uma velocidade gritante pela internet, essa mesma comunicação se extingue no mundo real para milhares de pessoas. Pode até não ser a intenção do autor, mas “Ordinário” faz pensar. E muito.
Blog do autor: http://rafaelsica.zip.net
As tiras que foram feitas entre 2007 e 2010 são todas em preto e branco e não trazem nenhuma palavra ou conversa. O rabisco grosso e meio feroz de Rafael Sica trata basicamente sobre a solidão humana e a incomunicabilidade dos dias atuais. Em um mundo com cada vez mais pessoas, essa solidão se expande em diversas esquinas de uma cidade grande com extrema volúpia e vontade.
Os personagens que habitam “Ordinário” estão quase sempre se escondendo ou passando pela vida sem serem notados por ninguém. A crítica ao comportamento da sociedade atual também marca presença, como por exemplo, quando são retratados vários brinquedos vazios de um parque para fechar em um shopping extremamente lotado. Cigarros e tecnologia diária são passageiros constantes nessa viagem.
As figuras que transitam no universo de Rafael Sica trazem aquele ar cansado no rosto de uma vida guiada pelo piloto automático, sem graça e vivida escondida pelos cantos. Constantemente querem se livrar dessa vida, ou infligem males a si próprios, como quando um homem sai borrifando um spray (inseticida?) na cara de todo mundo para acabar borrifando nele mesmo sentado sozinho no quarto.
O caminho por qual “Ordinário” se conduz é uma constante nos dias de hoje. Em muitas tiras, por exemplo, a interpretação desse universo fica para os próprios leitores. Enquanto a facilidade da comunicação se espalha a uma velocidade gritante pela internet, essa mesma comunicação se extingue no mundo real para milhares de pessoas. Pode até não ser a intenção do autor, mas “Ordinário” faz pensar. E muito.
Blog do autor: http://rafaelsica.zip.net
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