O Oasis decretou seu fim, os irmãos Gallagher trocaram mais algumas farpas e cada um foi para o seu lado. Isso já se sabe tem algum tempo, assim como sabe-se que Liam juntou os ex-comparsas de banda Gem Archer e Andy Bell para formar um novo grupo chamado Beady Eye. A grande questão então era: Será que o disco vai ter alguma coisa boa ou será um mero pastiche do (já pastiche) Oasis?
A começar pela capa e pelas primeiras impressões o resultado não seria lá grande coisa e na verdade, quem poderia esperar outra coisa? O cérebro por trás do Oasis era Noel e disso ninguém tinha a menor dúvida. Como Liam comandaria músicos até competentes, com passagens boas por bandas como Heavy Stereo e o ótimo Ride, se até então sua produção tinha sido extremamente sem relevância?
Quando as 13 faixas de “Different Gear, Still Speeding” acabam de passar no player, é difícil até assimilar que o Beady Eye conseguiu produzir algo bom diante de tanta desconfiança (completamente justificável, que se diga). Com a inclusão de Chris Sharrock para completar o time, Liam começou a virar o jogo quando contratou Steve Lillywhite (de U2, Morrisey e Rolling Stones) para a produção.
Steve Lillywhite pegou as canções do grupo e deixou de acordo com a sonoridade que Liam tanto gosta, focando diretamente para os anos 60 e 70, sem trazer muitas invencionices ou mesmo uma lapidação exagerada. A banda aproveitou os rumos do bom último disco do Oasis (“Dig Out Your Soul” de 2008) e fez um trabalho superior a álbuns como o “Don’t Believe The Truth” de 2005, por exemplo.
Evidente que a comparação com o Oasis será muito traçada quando “Different Gear, Still Speeding” for tocado por aí e não dá para fugir completamente dela, por mais óbvio que seja. No entanto, seria covardia compará-lo com os dois primeiros discos lançados em 1994 e 1995. Tem que é se reconhecer que Liam se virou muito bem sem o apoio do irmão, um craque em elaborar melodias e canções pungentes.
Logo no rockão de abertura com “Four Letter Word”, temos um “nada dura para sempre” cravado ali pelo meio dos acordes. No geral, a sonoridade é fundamentada nos tão amados Beatles e Rolling Stones além de outras bandas do período (com direito até a um Led Zeppelin III eficiente em “Millionaire”), mas não foge da pegada do britpop como mostram as faixas “Wind Up Dream” e “Three Ring Circus”.
Seria um exercício e tanto de previsão afirmar se o Beady Eye durará ou se a “queda” do Oasis não é mais um truque de marketing para o futuro. Dos irmãos Gallagher pode-se esperar quase tudo. O que dá para dizer é que “Different Gear, Still Speeding” é um bom disco de rock e anotar quando Liam canta em “Beatles And Stones”: "Vou resistir ao teste do tempo/como Beatles e Stones." Será? É pagar para ver.
Site oficial: http://www.beadyeyemusic.com
2 comentários:
Conheci seu blog agora, achei muito bom. Seus textos são excelentes. Inclusive vou ouvir esse álbum do Beady Eye.
Eu também sou blogueiro, tenho dois blogs: Jazz e Rock (http://www.jazzerock.com) e Musicólatras (http://www.musicolatras.blogspot.com). Você topa parceria (troca de links). Se sim, só mandar um comentário avisando, que eu adiciono o seu blog nos dois.
Valeu e parabens pelo trabalho.
Abraço
Daniel
Valeu Daniel. Obrigado pelos elogios. Me adicionei como seguidor lá no seu blog. Abraços :)
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