Nos últimos anos, os irmãos Joel e Ethan Coen fizeram filmes como o esplêndido “Onde Os Fracos Não Tem Vez” (2007) e o ótimo “Um Homem Sério” (2009). Depois desse último resolveram então arrumar uma grande sarna para se coçar. Optaram por refilmar um clássico dos anos 60 do diretor Henry Hattaway, que conduziu John Wayne ao seu único Oscar da carreira. Um remake feito pela dupla gerou desconfiança em um primeiro momento.
No entanto, ao acabar a sessão de “Bravura Indômita”, conclui-se que novamente a dupla conseguiu realizar um excelente trabalho. A história da jovem Mattie Ross (Hailee Stenfield) na procura de vingança pelo assassinato do seu pai por um funcionário, ganha todo o tratamento que os filmes dos Coen costumam ter, por mais que o cinismo tenha sido diminuído, e tenha ficado a opção por realizar uma obra mais sóbria, um faroeste tradicional.
Quando a jovem de 14 anos busca contratar um policial federal para caçar o culpado pela morte do pai, depara-se com um beberrão de primeira, o caolho Rooster Cogburn (papel anteriormente de John Wayne, agora interpretado por Jeff Bridges). Mesmo com todos os sinais indicando não ser uma boa idéia sua contratação, Mattie parece ver algo mais nele e remete a uma frase de Platão: "Não é preciso que a bondade se mostre; mas sim é preciso que se deixe ver."
Ao sair nessa inusitada caçada atrás de Tom Cheney (Josh Brolin) nos territórios indígenas dos USA de 1870 e pouco, a criança e o caolho ainda tem um Texas Ranger cruzando seu caminho. La Boef (Matt Damon) também está caçando o fugitivo e coloca a serviço da trama uma inexperiência e ambigüidade que vão servir de contraponto em várias ocasiões. Conflitos pessoais e diálogos bem elaborados servem de pano de fundo para que a película se desenvolva.
Em “Bravura Indômita”, os irmãos Coen mostram classe em uma adaptação vigorosa e com elenco em grande forma, com destaque para Hailee Stenfield, extremamente à vontade. É um filme para ser entendido por vários aspectos, mas primordialmente sobre os olhares da coragem e da bondade, que por serem tão antigas quanto o tempo remetem a outra velha afirmativa, dessa vez de Voltaire: "Todo homem é culpado por todo bem que ele não fez."
Sobre “Um Homem Sério”, aqui. Sobre “Onde Os Fracos Não Tem Vez”, aqui.
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