Aldo está na casa dos 30 anos e quando olha para trás depois de receber uma garrafada na cabeça em um show de punk rock, percebe que não construiu muita coisa e está vivendo sem muito prazer nos últimos tempos. Trabalha em uma agência publicitária escrevendo propagandas e textos para os mais diversos e inusitados tipos de produto. Apesar de não ser tão ruim, não consegue se sentir totalmente bem. Sua paixão mesmo é a guitarra e a música.
Como tantos outros, Aldo passou por todos os fantasmas da adolescência e só conseguiu ganhar algum prestígio na escola ao montar uma banda de rock. Nesse período difícil, teve aquelas paixões avassaladoras, como a bela e certinha Júlia, que mesmo depois de quinze anos ainda é guardada dentro da sua cabeça. É nesse ponto da vida de Aldo que o escritor paulista Bertoldo Contijo apresenta esse problemático normal em “Antes Tarde do Que Sempre”.
O livro foi lançado no final de 2010 pela Editora Draco e tem 136 páginas. Mesmo tendo um título não tão inspirado (apesar da capa ser ótima), esse pequeno romance é uma leitura prazerosa. Bertoldo Contijo traça três espaços para contar a vida de Aldo. Primeiro na época da escola, depois dentro da crise dos 30 e fecha em “autodiálogos” explorados em páginas pretas. É literatura pop que remete ao “Clube dos Corações Solitários” do André Takeda.
Ao lado de Aldo, um personagem que apesar das poucas páginas consegue ser bem desenvolvido, temos um pequeno grupo curtindo suas próprias desilusões, como a amada Júlia, sua melhor amiga Cris e o amigo e parceiro de banda Júnior. Todos com seus 30 e poucos anos, viram em algum ponto as coisas deixarem de fazer sentido e seguem no piloto automático, tendo momentos de prazer entrecortados com muitos outros de dúvidas e desamparo.
“Antes Tarde do Que Sempre” é um livro para ser consumido de uma tacada, uma pequena viagem pelo mundo de um cara apaixonado por rock e repleto de incertezas passeando na sua frente. É leve, descontraído e por mais que carregue alguns temas mais pesados de modo subentendido, acaba por não escorregar neles e partir para o drama desnecessário. É para ler e botar algum disco dos anos 70 para tocar bem alto nas caixas de som.
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