As teorias de conspiração ganharam um upgrade e tanto com o advento da internet e por conseqüência a intensificada ampliação e divulgação com que notícias de todas as formas e cores passaram a ter. Os filmes de uma maneira geral sempre foram um fértil campo para a exploração dessas teorias, mas o que antes era exclusivo (ou mais divulgado) hoje pode parecer trivial. Para se destacar nesse cenário atualmente, esses filmes precisam ter um algo mais para oferecer.
“O Escritor Fantasma”, mais recente trabalho do diretor Roman Polanski traz consigo esse algo mais. A categoria que o diretor imprime na maioria dos seus filmes aqui se faz presente novamente, mesmo com todos os problemas pessoais que sua vida carrega e vez ou outra acabam aparecendo mais do que seu talento. Em uma trama sutil e repleta de suspense, Polanski une temas como política, modernidade e ideologias com um toque de humor até surpreendente.
Esse toque de humor fica por conta do personagem de Ewan McGregor (mais uma vez muito bem), que tem como profissão ser ghost-writer, aquele escritor que faz a obra (principalmente biografias) e dá o crédito para outra pessoa. Ao achar que ganhou a sorte grande por ser contratado para trabalhar na biografia do ex-primeiro ministro britânico Adam Lang (Pierce Brosnan), se vê no meio de um redemoinho de traições e mentiras que não consegue entender.
Mesmo com tanta pressão em sua volta e sem saber direito que rumo tomar, o personagem de Ewan McGregor vai vertendo esse nervosismo para boas tiradas e um bem vindo cinismo. Em algumas passagens principais “O Escritor Fantasma” poderia facilmente descambar para alguma forma fácil, com uma explicação contada ao telespectador, mas para o bem do trabalho isso passa longe de acontecer e o nevoeiro com que as verdades são escondidas permanece denso.
Roman Polanski é um diretor que erra muito mais do que acerta na carreira e já transitou pelos mais diversos estilos, elaborando obras do quilate de “O Bebê de Rosemary”, “Chinatown” e “O Pianista”. Em “O Escritor Fantasma” ele consegue mais um acerto para o currículo e mostra uma habilidade rara na direção, fazendo até com que atores medianos como Pierce Brosnan e Kim Catrall trabalhem acima do seu padrão de qualidade. Plenamente recomendado.
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