Quando o Decemberists lançou “Hazards Of Love” em 2009 indicava um caminho extremamente perigoso. O disco era uma espécie de ópera folk-rock com clima medieval e letras pomposas, ou seja, tipo do trabalho audacioso e pretensioso que quase sempre mostra um rumo perdido e a viagem para experiências mais egomaníacas. Poucos grupos conseguiram fazer algo nesses moldes e soar relevante, sendo que o Decemberists não será conhecido por ser um deles.
Quando “The King Is Dead”, o sexto e novo álbum da banda começa a ser tocado, percebe-se (ainda bem) que o “Hazards Of Love” foi um momento isolado e infeliz que ficou para trás. Colin Meloy, Chris Funk, Jenny Conlee, Nate Query e John Moen retornam com um registro bonito, permeado com canções repletas daquelas melodias que grudam instantaneamente e remetem para o universo não somente do folk de costume, como também para o country americano.
Apesar do nome do álbum traçar comparações a um clássico do The Smiths (que Colin Meloy realmente adora), transita por outra banda fundamental dos anos 80, o R.E.M. Peter Buck que trabalhou com os integrantes no excelente “Killingsworth” do Minus 5 de 2009, aparece aqui em três faixas e junto com a cantora Gillian Welch (que participa de 7 canções), ajuda a construir o resultado final. Aliás, os trabalhos paralelos dos membros são de grande valia nesse novo disco.
Logo na abertura com “Don't Carry It All”, entre violões e uma harmônica temos uma idéia do que se apresentará a seguir. Colin Meloy canta límpidos versos sobre o peso do mundo nos ombros e como se pode ter um pouco de esperança para seguir em frente. Já em “Calamity Song” (com entrada extirpada do R.E.M) trata sobre desastres e mortes, deixando como sobra somente o consolo dos anjos. “Rise To Me” ambiciona ser mais tradicional e vem falando sobre a terra.
“Roxy In The Box” mistura o Decemberists dos primeiros anos com um toque de bluegrass muito bem vindo, enquanto “January Hymn” mergulha um pouco mais nas raízes estadunidenses para falar sobre o tempo, estações e pessoas que vão embora. Na sequência é a vez de “Down By The Water”, que mesmo já conhecida há algum tempo aparece forte e bonita para providenciar quase 4 minutos de uma beleza melódica que esse quinteto de Portland é tão capaz de proporcionar.
Depois de “Down By The Water”, por mais que seja difícil recuperar o fôlego, há de se fazer um esforço pois ainda tem mais recompensa com o countyzaço de “All Arise!”, a correlação de momentos em “June Hymm”, o ritmo mais denso de “This Is Why We Fight” e os violões tristes que acompanham “Dear Avery” e seus versos sobre amizade e infância perdidas. “The King Is Dead” emociona e entristece quase que na mesma medida e tem o mal de não conseguir sair do som.
Site oficial: http://www.decemberists.com
Twitter: http://twitter.com/thedecemberists
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