Você chegou aos 40 anos e a vida se mostra um verdadeiro fracasso sem sentido algum. Sua esposa lhe deixou faz alguns anos e por mais que você mantenha uma relação completamente sadia com ela, a perda ainda fere bastante. No mais, não há convívio social ou projetos interessantes para o futuro. A vida entrou naquele piloto automático sem graça do qual parece ser impossível sair. Assim é a vida de John, personagem interpretado por John C. Reilly em “Cyrus”.
Em “Cyrus”, os irmãos Jay e Mark Duplas mostram uma história que pode ser entendida como comédia até certo ponto, mas que se origina diretamente da solidão. A vida de John sai um pouco do marasmo quando sua esposa Jamie (Catherine Keer, sempre bem) o convence a ir para uma festa em uma cena muito engraçada se não fosse trágica ao mesmo tempo. Lá ele conhece aos 45 do segundo tempo uma mulher que vai mudar o rumo do seu caminho dali pra frente.
Molly, a mulher que John conhece na festa, é vivida por uma Marisa Tomei ressurgida depois da boa participação em “O Lutador”. Ela é uma mãe solteira também na faixas dos 40 anos que carrega consigo uma tristeza no próprio semblante e vive com o filho de 21 anos, o qual criou sozinha e mantêm uma relação intensa e provavelmente prejudicial aos dois. Cyrus (o filho) é interpretado por Jonah Hill, que do gordinho de “Superbad” aparece aqui em um papel bem denso.
Enquanto a relação entre John e Molly vai crescendo para tomar um destino mais sério, Cyrus tenta de toda forma boicotar o romance e deixa os envolvidos em uma situação constrangedora e desconfortável, além de mostrar o quão frágil é o mundo em que eles vivem. O roteiro meio que apressa o relacionamento amoroso e deixa algumas pequenas falhas no caminho, mas não incomoda tanto quanto a câmera que a todo o momento verte em closes para os personagens.
Apesar desses pequenos deslizes (que também podem ser entendidos como gosto pessoal), “Cyrus” é um filme que convence muito bem. John C. Reilly está perfeito no papel do quarentão solitário e proporciona cenas excelentes, como quando começa a cantar e dançar “Don't You Want Me” do Human League em uma festa. É um filme de busca, mas também de aprendizagem e sobre encontrar exatamente o melhor lugar que você acha que pode estacionar e ficar um tempo.
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